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"Se a Religião se nega a avançar com a Ciência, a própria Ciência avançará sozinha." do livro: A Gênese, de Allan Kardec

Quem foi Allan Kardec? 

Hypolitte Léon Denizard Rivail, professor francês de física, aritmética e pesquisador de astronomia e magnetismo, nascido na cidade de Lyon em 1804, foi convidado por um amigo seu a ver de perto as manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa. 

E por suas pesquisas e publicação de O Livro dos Espíritos passou a ser mundialmente famoso pelo pseudônimo Allan Kardec, mais as obras que se seguiram desde então.

É importante relatar que o pequeno Rivail nasceu em uma família equilibrada e com recursos. Desde menino, demonstrou a grandiosidade de seu espírito, quando, ao 14 anos, teve sua formação no Instituto Pestalozzi, e substituía o próprio pedagogo Henrique Pestalozzi, quando este se ausentava da escola. 

Ele se preocupava com uma educação de qualidade e ao alcance de todos, independente de sexo ou classe social, tendo publicados orientações pedagógicas e métodos de ensino desde os 18 anos de idade.

Ele é muito lembrado por sua trajetória singular e pela sua tarefa desempenhada numa época em que os meios de comunicação e transportes eram muito limitados, e nem mesmo havia luz elétrica.

Podemos imaginar tamanho desafio de trabalhar à noite e de madrugada, à luz de velas, e ao esforço de levar a humanidade ao conhecimento de que as manifestações inteligentes não só eram frutos de uma curiosidade e fonte de consultas, mas sim, cuidar das almas sofridas e equivocadas em busca de sua própria Luz.

Quais as quatro perguntas que Kardec procurou responder sobre a vida?

Das quatro partes de "O Livro dos Espíritos", publicado em 1857, Hipolyte Leon Denizard Rivail, que assumiu o pseudônimo de Allan Kardec, por ser seu nome em uma de suas reencarnações passadas como um Druida dos tempos da antiga Gália, há mais de dois mil anos, e onde hoje está situada a França, se encontram respondidas as perguntas que todos queremos saber, inclusive mais detalhadamente nas obras subsequentes: 

Estas obras, que foram publicadas originalmente em francês, e hoje se encontram traduzidas em todas as partes do planeta, que elucidam as dúvidas dos homens, e por isso, é denominada de Doutrina Consoladora.

Teria mais detalhes dessas obras, para entendê-las melhor? 

Sim, cada uma traz seu corpo doutrinário, que parece se fundir uma à outra. E à medida que se avança na leitura, aumenta o interesse, quanto maior for a necessidade do conhecimento, que costuma sempre se dar nos momentos de grandes dificuldades, como a perda de um ente querido ou de uma sensação de vazio existencial.

1 – O Livro dos Espíritos é aonde se estabelecem os princípios básicos do Espiritismo com respostas às perguntas endereçadas aos Espíritos com a ajuda de diversos médiuns.

Allan Kardec estruturou a obra em quatro grandes partes:

Livro Primeiro – As Causas Primeiras; 

Livro Segundo – Mundo Espírita ou Dos Espíritos; 

Livro Terceiro – Leis Morais; e 

Livro Quarto – Esperanças e Consolações.

Nesta obra, Kardec fala sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da humanidade.

2 – O Livro dos Médiuns trata das manifestações espíritas e dos médiuns, e Kardec discorre sobre os meios de comunicação com o mundo espiritual, o desenvolvimento da mediunidade e as dificuldades que podem ser encontradas na prática do Espiritismo. Portanto, é um verdadeiro manual para as atividades mediúnicas.

3 – O Evangelho Segundo o Espiritismo foi elaborado seguindo instruções de espíritos superiores e reflete o código divino, explicando os ensinamentos morais de Cristo e convidando os leitores a vivenciá-los.

Além da interpretação espírita sobre os textos evangélicos, o livro reúne uma coletânea de preces espíritas, divididas em cinco categorias: preces gerais, preces para si mesmo, preces pelos vivos, preces pelos mortos e preces especiais para os doentes e os obsidiados.

O Evangelho Segundo o Espiritismo serve ainda de recurso para a prática do Evangelho no Lar, e é considerado um livro de cabeceira para os espíritas.

4 – O Céu e o Inferno é a quarta obra da codificação espírita e é dividido em duas partes. Na primeira, Kardec coloca em xeque vários assuntos, numa espécie de exame comparativo em relação às outras doutrinas.

Já na segunda parte, a partir de diálogos com os espíritos, ele expõe relatos de experiências do mundo espiritual. Nesta obra, são tratados temas como o temor da morte, anjos, demônios, a consciência dos espíritos e os destinos do após o desencarne.

5 – A Gênese é o quinto livro da codificação espírita, publicado em 1868, um ano antes do desencarne de Allan Kardec, que fala sobre a criação da humanidade e do mundo material, em três partes.

Na primeira ele aborda a formação dos mundos e a criação dos seres animados e inanimados. Já a segunda é destinada aos milagres sob a ótica da Doutrina Espírita. E, na parte final, Kardec explica sobre as predições.

Por que Allan Kardec é chamado de codificador?

É que na civilização europeia, ressurge, no século XVIII, o movimento codificador, que, a princípio não se manifestou em códigos, mas em compilações, isto é, em reunião de leis esparsas ou de costumes, só em 1804 surge o primeiro código moderno: o de Napoleão (Code Civil des Français ou Code Napoleon).

O Codificador é aquele que codifica, que cria um código padrão sobre o qual se desenvolve uma série de leis e fundamentos práticos a respeito de uma ideia central. 

Allan Kardec é considerado o codificador espírita, por ter sido aquele que reuniu e compilou os conceitos básicos da Revelação Espírita.

Então a Codificação Espírita tratava-se de um projeto específico, como tantos outros?

Sim, ela contou com cerca de 8 mil páginas elaboradas minuciosamente por Allan Kardec, que teve início em 1855 e se encerrou em 1869, com seu desencarne. Eles são denominados o Pentateuco da codificação espírita:

O Livro dos Espíritos (1857)

O Livro dos Médiuns (1861)

O Evangelho segundo o Espiritismo (1864)

O Céu e o Inferno (1865)

A Gênese (1868)

Assim, a lista anterior aumenta com os títulos que seguem:

Revista Espírita – coleção disponível em coletâneas anuais, entre 1858 e 1869 (sendo que Kardec foi o editor até o volume de abril de 1869)

O que é o Espiritismo (1859)

O Espiritismo em sua expressão mais simples (1862)

Viagem Espírita em 1862 (1867)

Também devemos citar: 

Catálogo Racional de Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita (abril de 1869)

O Principiante Espírita (editora O Pensamento) e A Obsessão (editora O Clarim).

Todos esses livros são fruto de trabalho minucioso – onde critérios rigorosos foram estabelecidos e seguidos pelo líder espírita -, devendo ser estudados para que possamos compreender os fundamentos da Doutrina Espírita e evitar incoerência doutrinária – como veremos no próximo tópico.

E quais são os cinco pilares do espiritismo?

Para entender os preceitos espíritas, é preciso crer ou admitir cinco apontamentos, sem os quais não haverá avanço na compreensão das obras.

A Existência de Deus. - Em tudo há um princípio, um princípio inteligente.

A Imortalidade da Alma. - A alma é imortal, portanto, ela existe antes e após a vida no corpo físico.

A Pluralidade das Existências. - Sendo a alma imortal, ela pode habitar corpos físicos indistintamente, de várias formas.

A Pluralidade dos Mundos Habitados. - Além da Terra outros orbes são habitados, e há intercambio entre todos. 

A Comunicabilidade dos Espíritos. - Os espíritos se comunicam entre si e através dos homens. E isso se dá de forma constante.

Sem a admissão ou probabilidade de aceitação desses princípios, a pessoa terá dificuldades de prosseguir na compreensão dos estudos espíritas. Mas não tem problemas, os espíritos aguardam... 

O correto é Espiritismo ou Kardecismo?

Kardecismo foi uma cunhagem criada pelas pessoas, referindo-se aos ensinos de Allan Kardec (1804 – 1869), educador, tradutor, autor de livros didáticos e codificador da Doutrina Espírita. 

Entretanto, a palavra correta seria espiritismo, pois as pessoas não seguem Allan Kardec, e sim a doutrina pesquisada e organizada por ele e muitas outra pessoas e entidades envolvidas. 

Repare que logo na introdução ao estudo da doutrina espírita, encontra-se o termo:

" - Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. 

Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas, já muito numerosas, de anfibologia. 

Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. 

Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. 

Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista."

Os livros da codificação foram queimados certa vez?

No início de 1861, Allan Kardec lançava O Livro dos Médiuns – guia dos médiuns e dos evocadores. No dia 9/10/1861, em Barcelona, foram queimados centenas de livros espíritas, a maioria de autoria do Codificador, inclusive O Livro dos Médiuns.

Maurice Lachâtre, editor francês, achava-se estabelecido em Barcelona com uma livraria, quando solicitou a Kardec, seu compatriota, em Paris, uma partida de livros espíritas, para vendê-los na Espanha.

Quando os livros chegaram ao país, foram apreendidos na alfândega, por ordem do Bispo de Barcelona, Antonio Palau Termes (1857–1862), sob a alegação de que “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países“. O mesmo eclesiástico recusou-se a reexportar as obras apreendidas, condenando-as à destruição pelo fogo.

O Auto de fé de Barcelona ocorreu na esplanada de Barcelona, às 10h30 da manhã.

Conforme lista oficial transcrita na “Revue Spirite“, foram queimados os seguintes títulos:

Um dos últimos Autos de Fé de nossa história, ao queimar os livros espíritas, não conseguiu destruir as ideias e o ideal. Ao contrário, o fogo resultou a fumaça que subiu alto e se esparziu… As ideias, o ideal e a difusão se fortificaram com o ato inquisitorial.

Quando passava pela alfândega espanhola, a remessa foi confiscada pela Igreja local, sob a ordem do bispo Antonio Palau Termes (1857-1862), a pretexto da autoridade que lhe era concedida pela Inquisição.

Argumentando que aquelas obras eram contrárias à fé católica, o bispo de Barcelona então sentenciou que fossem queimados, sem qualquer tipo de indenização aos seus proprietários.

O Professor Rivail solicitou por via diplomática pertinente, como era de praxe, que lhe fossem devolvidos os livros, já que não era permitida a sua penetração no país.

O bispo Don Antonio Palau e Termens replicou agressiva e impropriamente:

O Governo não pode permitir que tais obras pervertam a moral e a religião dos países.

Faz então entrada na cena um sacerdote encapuçado levando em uma das mãos a cruz e, na outra, uma tocha acesa. Seguem-no um escriba encarregado de lavrar a ata do Auto-de-fé, um servidor deste, um empregado superior da administração da Alfândega, um agente da mesma representando o proprietário das obras condenadas.

Finalmente três funcionários da Alfândega que depositam os livros no local, preparando a fogueira que com eles se faria empregando estudada solenidade.

Foi na esplanada da Ciudadela, que se fez a leitura do “Auto-de-fé” promulgado pelo referido bispo. A execução se efetivou na esplanada central daquela cidade, às 10h30.

Kardec, em decorrência do Auto de fé de Barcelona, comentou:

Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as super-excitam em lugar de abafá-las. As ideias, aliás, estão no ar, e não há Pirenéus bastante altos para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la.

Allan Kardec


Então, quem, ou melhor, o que seria Deus?

Logo na primeira pergunta de "O Livro dos Espíritos", Kardec já remete a principal pergunta:

"1 - Que é Deus?" 

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” 

Não poderemos nos sentir seguros onde quer que estejamos, sem pelo menos alimentar a ideia de uma fonte criadora e imortal. O estudo sobre o Senhor nos dá um ambiente de fé que corresponde, na sua feição mais pura, à vontade de viver. 

Sentimos alegria ao entrarmos em contato com a natureza, pois ela fala de uma inteligência acima de todas as inteligências humanas, de um amor diferente daquele que sentimos, de uma paz operante nos seus mínimos registros de vida. 

O Deus que procuramos fora de nós está igualmente no centro da nossa existência, porque Ele está em tudo, nada vive sem a Sua benfeitora presença. 

O que se deve entender por infinito?

“O que não tem nem começo nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.” 

O infinito, como que desconhecido para todos nós, é a casa de Deus, cujas divisões escapam aos nossos sentidos, mesmo os mais apurados. O Pai Celestial está, por assim dizer, no centro de todas as coisas que existem e, ainda mais, se encontra onde achamos a permanência do nada.

Se acreditamos somente naquilo que vemos e que tocamos, somos os mais infortunados dos seres, pois, desta forma agem também os animais. A razão nos diz, e a ciência confirma pelas inúmeras experiências dos próprios homens, que o desconhecido tem maior realidade. O que as almas encarnadas não vêem e não podem tocar definem a existência de força energética, senão inteligência exuberante, capaz de nos mostrar a verdadeira grandeza do infinito em todas as direções do macro e do microcosmo.

Podemos dizer que Deus é o infinito? 

“Definição incompleta. Escassez de recursos da linguagem, insuficiente para definir as coisas que estão acima da inteligência dos homens.” 

Deus é infinito em Suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma; definir uma coisa que não é conhecida por uma que também não o é. 

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Os comentários são pelo espírito Miramez

Acreditar em Deus seria uma questão cultural, ou da forma que fomos educados?

Se assim fosse, como se explica que até as culturas primitivas tenham esse sentimento inato? Se o sentimento da existência de um ser supremo não é mais que o produto de um ensinamento, não seria universal e nem existiria, como as noções científicas, que só existiriam naqueles que a tivessem recebido. 

Se assim fosse, como se explica que até as culturas primitivas tenham esse sentimento inato? Se o sentimento da existência de um ser supremo não é mais que o produto de um ensinamento, não seria universal e nem existiria, como as noções científicas, que só existiriam naqueles que a tivessem recebido.

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

A matéria não teria formado por si própria?

Mas então qual seria a causa dessas propriedades? É sempre indispensável uma causa primária. 

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são, elas mesmas, um efeito que deve ter uma causa. 

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

Essa formação não poderia por uma combinação natural da matéria?

A formulação da pergunta não traz a expansão do esclarecimento, ou seja, parte dele. Melhor assim: 

8. Que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, portanto, ao acaso? 

“Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso como um ser inteligente? Além disso, o que é o acaso? Nada.

9. Onde se revela, na causa primária, uma inteligência suprema e superior a todas as outras? 

Existe um provérbio que diz: pela obra se conhece o autor. Pois bem: veja-se a obra e procure-se o autor. É o orgulho que gera a incredulidade. 

O homem orgulhoso nada vê acima de si próprio, pois considera-se um espírito forte. Pobre ser, cujo sopro de Deus pode abater!

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

Onde está escrita a Lei de Deus?

Na consciência.”

a) Se o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?

“Ele a esquecera e desprezara. Então Deus quis que lhe fosse lembrada.”A Lei de Deus (pelo Espírito Miramez)

A lei de Deus se encontra escrita na consciência; o Senhor a escreveu com todo o Seu amor, na qualidade de Pai que ama profundamente Seus filhos.

Muitos dos nossos companheiros pesquisam, querendo saber onde fica a consciência e qual a sua engrenagem espiritual. Já falamos, com a humildade que pensamos ter, que não podemos viver no futuro, se precisamos do presente para aprendermos o que ele pode nos dar. Falta paciência nos afoitos, porque o aprendizado melhor é aquele feito passo a passo.

A própria lei de Deus nos ensina que o Pai é Amor, e sendo Ele amor, tudo que Lhe pedimos com sinceridade e necessidade, Ele nos dá, e dá com abundância. 

Para que possamos firmar essa nossa fala, vamos consultar o livro luz, na palavra de Mateus, anotando os ensinamentos de Jesus: "Pois todo o que pede recebe; o que busca, encontra, e a quem bate, abrir-se-vos-á. (Mateus, 7:7)

O que são os espíritos, e como eles são criados?

Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. 

Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade. Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação. 

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Quanto tempo um Espírito demora para se comunicar?

Allan Kardec afirma que: “é muito variável o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos” 

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)

Aonde estão, ou aonde ficam os espíritos?

“Os Espíritos povoam os espaços até o infinito; há Espíritos incessantemente ao nosso redor e com eles estamos em contato.” “Os Espíritos se comunicam por meio dos médiuns, que lhes servem de instrumentos e de intérpretes.” 

(O Livro dos Médiuns – questão 49)

De onde virá o temor da morte, se sabemos que o futuro é infinito?

É que muitas das vezes, quando crianças, as pessoas são persuadidas a acreditarem que há um inferno e um paraíso, e que mais certo é irem para o inferno, além de que a maioria das coisas da Natureza constitui pecado mortal para a alma! 

Daí ocorre que quando se tornam adultas, essas pessoas, por não admitir tais situações, preferem se fazem ateias ou materialistas. São levadas a crer que não há mais nada além da vida presente; e os que persistirem nas suas crenças da infância, sempre temerão o fogo eterno que os queimará sem os consumir.

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)

Como é a relação Espiritismo x Magnetismo? 

O Magnetismo existe desde a origem do universo. Em todos os corpos, todas as partículas existentes na natureza, no micro e macro universo, o magnetismo se faz presente e é através desse “fluído elétrico”, que todos nós, os seres pensantes se atraem ou se repelem, se influenciando mutuamente de acordo com suas emoções, pensamentos e sentimentos.

Desde os mais remotos registros antropológicos e sociológicos podemos observar a utilização do magnetismo como método de cura, fortalecimento orgânico e fisiológico e também como forma de conservação de corpos, como por exemplo, o comportamento mortuário das antigas civilizações com os embalsamentos de cadáveres.

Em “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec), os espíritos já nos sinalizavam para o magnetismo na resposta ao item 388 do capítulo “Simpatias e Antipatias Terrenas”:

388- Os encontros que se dão algumas vezes entre certas pessoas, e que se atribuem ao acaso, não seriam o efeito de uma espécie de relações simpáticas?

– Há entre os seres pensantes, ligações que ainda não conheceis. O Magnetismo é a bússola desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor.

Essa resposta coloca o magnetismo como o impulso dessa ciência, ou seja, ele é o comando que age para que haja esses encontros quando necessitamos da convivência com alguém, sempre visando o progresso espiritual de todos. Convém, por outro lado ressaltar, fazendo aqui uma citação a Jacob Melo, em seu livro “Cure-se e Cure pelos Passes”, que “sempre que os espíritos se referem ao fluído magnético, estão fazendo referência aos fluídos vitais e espirituais e não aos campos magnéticos como a Física determina e domina”.

Estamos todos nós, o tempo todo, numa constante troca de energia que se dá através de ondas eletromagnéticas, e essas ondas são constituídas de fótons, que atuam sobre as partículas do ambiente e dos corpos, tendo o pensamento como o veículo que determina a sua ação, podendo ser benéfica ou maléfica, conforme a fonte que o irradia.

Por fim, não podemos desvincular o magnetismo da ciência espírita, uma vez que, todas as manifestações espíritas têm a sua origem e fundamentação nos fenômenos de ordem magnética. Como a doutrina espírita poderia em seu aspecto científico estudar as manifestações mediúnicas, o passe, as curas, sem adentrar nesse mister?

Referências:

Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

Cure-se e Cure pelos Passes (Jacob Melo)

Revista Cristã de Espiritismo, Nelson Moraes, edição 46

A prece é útil no desprendimento da alma?

A prece auxilia bastante o desprendimento do Espírito. Allan Kardec relata no livro "O Céu e o Inferno" o caso Augusto Michel, ocorrido em 1863, o qual pediu a um médium fosse até o cemitério orar no seu túmulo. 

O Espírito de Augusto Michel suplicou tanto, que o médium atendeu e no próprio cemitério ouviu o agradecimento de Michel, que se disse aliviado da constrição que antes o fazia preso ao corpo. Ao comentar o caso, Kardec indaga se o costume quase geral de orarmos ao pé dos defuntos não proviria da intuição inconsciente que se tem desse efeito. 

O desprendimento da alma, uma vez morto o corpo físico, começa pelas extremidades e vai-se completando na medida em que são desligados os laços fluídicos que a prendem ao veículo carnal. 

No livro "Obreiros da Vida Eterna", cap. XIII, o instrutor Jerônimo informa que há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: 

É natural ao homem o temor da morte?

A certeza da vida futura não exclui as apreensões do homem quanto à desencarnação. O temor daquilo que não está no consciente humano é sempre justo e natural.

O desprendimento da alma jamais é brusco, ele é sempre gradual, mesmo sem o conhecimento daquele que passa pela situação. 

Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou enfermidade, o desprendimento opera-se gradualmente. 


Qual a importância do desprendimento terrestre ao que deixa o corpo físico?

Para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração.

No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para quem a vida espiritual nada significa, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, embora também se opere gradualmente, demanda contínuos esforços. 

As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras vezes se agarra ao corpo, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

Aos que desconhecem a vida espiritual esse processo é mais difícil? Como evitar isso?

O desconhecimento da vida espiritual faz com que o Espírito se apegue à vida material, estreitando os seus horizontes e resistindo com todas as forças, conseguindo prolongar a vida e, consequentemente, a sua agonia, por dias, semanas ou meses. 

Em tais casos, a morte não implica o fim da agonia, pois a perturbação continua e ele, sentindo que vive, sem saber definir seu estado, sente e se ressente da doença que pôs fim aos seus dias, permanecendo com essa impressão indefinidamente, uma vez que continua ligado à matéria por meio de pontos de contato do perispírito com o corpo. 

Dá-se o contrário com o homem que se espiritualizou durante a vida. Depois da morte, nem uma só reação o afeta. Seu despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranquilo, lépido, para iniciar uma nova fase de sua vida. 

Como crer na veracidade das transcrições e na veracidade das obras?

Vale verificar o sentido evolutivo dos seus aspectos fundamentais, e, tomando por base o ceticismo, há todo um apoio científico que valida as mais diversas afirmações contidas nos Livros Espíritas e os livros que se relacionam.

No mais, prevalece o bom senso na melhor das hipóteses, pois que, a se tratar de uma busca por algo inegavelmente desconhecido e incompreensível aos sentidos do homem, faz-se necessário o poder do raciocínio intuitivo, sobrepondo os conceitos formados das realidades essenciais individuais de cada um.

Como a doutrina lida com os conflitos religiosos?

Não há e não pode haver conflitos. A Doutrina Espírita não possui caráter de confronto com as outras Religiões pertencentes ao Cristianismo. Muito pelo contrário, possui a intenção de promover e ajudar na complementação mais profunda perante as teses do Amor, da Paz, da Justiça e da Caridade.

TODAS as filosofias religiosas que têm também o princípio fundamental de EVOLUIR e melhorar a existência do homem, aproximando-se de Deus, e com o mais profundo respeito, os ensinamentos doutrinários Espíritas ou Kardecistas surgiram com aspectos Científicos acerca da Criação do Pai Maior, e sempre com os olhos voltados aos ensinamentos de Jesus, nosso Modelo, Mestre e guia da humanidade, que revolucionou o mundo e influenciando, inclusive no calendário. Nada é por acaso. 

Como a doutrina lida com a questão dos animais?

“Nos seres inferiores da Criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, nos quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades é a da alimentação.

Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida. No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. 

Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, a sua necessidade de dominar. 

Para isso, ainda lhe é preciso destruir. E à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa essa necessidade. O homem ganha horror ao sangue.”

Allan Kardec, A Gênese (FEB) Capítulo 3. Item 24

O que dizer dos homens que pensam que os animais foram criados para satisfação de suas necessidades?

No livro A Gênese, temos melhor formulada esta pergunta:

“O orgulho levou o homem a dizer que todos os animais foram criados por sua causa e para satisfação de suas necessidades. Mas, qual o número dos que lhe servem diretamente, dos que lhe foi possível submeter, comparado ao número incalculável daqueles com os quais nunca teve ele, nem nunca terá, quaisquer relações? 

Como se pode sustentar semelhante tese, em face das inumeráveis espécies que exclusivamente povoaram a Terra por milhares e milhares de séculos, antes que ele aí surgisse, e que afinal desapareceram? 

Poderá afirmar que elas foram criadas em seu proveito? Entretanto, tinham todas a sua razão de ser, a sua utilidade. Deus, decerto, não as criou por simples capricho da sua vontade, para dar a si mesmo, em seguida, o prazer de as aniquilar, pois que todas tinham vida, instintos, sensação de dor e de bem-estar […].”

Allan Kardec, A Gênese (FEB) Capítulo 7. Item 32:

O médium atrai energias negativas?

O médium atrai, naturalmente, muitas energias e por isso necessita de vigilância constante, porque, em muitos momentos acaba atraindo espíritos desequilibrados e muitas entidades que desconhecem sua verdadeira situação, irmãos desencarnados que desconhecesse a existência de vida pós morte e se encontram perdidos, algo muito mais comum do que as pessoas imaginam.

Todos os homens são médiuns?

Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. 

Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva. (O Livro dos Médiuns, 159)

Quem são os anjos na visão espírita?

Segundo a Doutrina Espírita, os anjos são espíritos que chegaram a um grau de perfeição que o espírito comporta, ou seja, são espíritos que já alcançaram certo grau de perfeição.

O que o espiritismo fala sobre anjo da guarda? Segundo o Espiritismo, a missão do anjo guardião é idêntica à de um pai em relação ao filho, e ela não termina com a desencarnação do seu protegido, pois quase sempre o anjo acompanha esse espírito em várias reencarnações.

O que é a mediunidade?

É o sentido que faculta uma pessoa a ser intermediária entre o plano espiritual e o plano físico. Foi Alan Kardec quem melhor estudou sobre a mediunidade. 

Geralmente chamamos de médiuns somente quem tem a faculdade ostensiva, ou seja quem sente, ouve, vê de forma mais clara a influência dos espíritos. Mas de modo geral, todos somos médiuns, pois, pelo menos pela faculdade da intuição todos nos colocamos em contato com o mundo espiritual.

No Livro dos Médiuns ele traz de forma detalhada o que vem a ser a mediunidade, como ela se manifesta, as suas características, os cuidados necessários, as responsabilidades e consequências de seu uso. E nos fala também da mediunidade da criança. Sim, a criança pode ser médium.

Como se dá o desprendimento da Alma do Corpo físico?

Em "O Livro dos Espíritos", vejamos a resposta dos espíritos superiores:

149: Em que se torna a alma no instante da morte?

“Volta a ser Espírito, quer dizer, retorna ao mundo dos Espíritos, que deixou momentaneamente.”

150: A alma, depois da morte, conserva a sua individualidade?

“Sim, não a perde jamais. Que seria ela se não a conservasse?”

155: Como se opera a separação da alma e do corpo?

“Rompidos os laços que a retinham, ela se liberta.”

A SEPARAÇÃO SE OPERA DE FORMA BRUSCA, INSTANTÂNEA?

Não, a alma se liberta gradualmente e não se escapa como um pássaro cativo que ganha subitamente a liberdade. (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)

Quais os exemplos que temos de médiuns?

Temos vários, como o das irmãs Fox, que em Hydesville, nos Estados Unidos em 1848, eram médiuns de efeitos físicos. Kate e Margareth, de 11 e 14 anos respectivamente. Se comunicaram através da tiptografia ou uso de pancadas onde o espírito Charles Rosna disse detalhes de sua vida e de sua morte que ocorrera naquela casa onde se achavam.

Francisco Cândido Xavier desde seus 5 anos de idade via e se comunicava com sua mãe já desencarnada. A mãezinha lhe aparecia principalmente quando sofria maus tratos por parte da madrasta.

Yvone do Amaral Pereira, que publicou diversos livros espíritas, portadora de uma mediunidade muito aflorada, desde os 4 anos conversava com os espíritos.

A mediunidade é uma faculdade espiritual ou orgânica?

A mediunidade é uma faculdade espiritual e também orgânica. Espiritual pois é uma faculdade do espírito, mas orgânica pois que quando exercida por encarnados necessita de órgãos especiais no corpo físico para captar as informações que são decodificadas.

André Luiz no livro Missionários da Luz tem um capítulo intitulado A epífise, onde ele aborda a importância da glândula pineal como o órgão sede da mediunidade no corpo biológico. A glândula pineal é uma estrutura do cérebro e tem a sua função despertada na puberdade.

Há relatos que crianças possuem amigos que são espíritos?

Sim, certamente. Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, também desde os 4 anos via os espíritos. Aos 5 tinha um amigo indiozinho chamado Jaguarassu. Brincavam juntos, conversavam… 

À medida que Divaldo crescia, Jaguarassu crescia também. Quando Divaldo fez 12 anos, Jaguarassu disse a Divaldo que teria de se afastar, pois estava se preparando para reencarnar. Divaldo teve um susto, pois pensou que Jaguarassu era uma pessoa encarnada. 

Após um tempo Divaldo teve oportunidade de conhecer Jaguarassu em sua nova reencarnação, que durou 38 anos. Após seu desencarne tornou a aparecer a Divaldo, porém agora com a aparência da última existência.

O que a Ciência comprova sobre a mediunidade?

Sérgio Felipe de Oliveira, Mestre em Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP com área de concentração em Anatomia, Neuroanatomia e Ultraestrutura Cerebral e psiquiatra, realizou uma pesquisa utilizando-se de equipamentos de microscopia eletrônica e de ressonância magnética, onde concluiu que nos médiuns ostensivos, ou seja, aqueles com mediunidade mais aflorada, na glândula pineal destes há um número maior de cristais de apatita. Estes cristais de apatita não são calcificações. 

São estruturas funcionais que agiriam como antenas capazes de captar estímulos eletromagnéticos e decodificá-los em estímulos neuroquímicos, que são os que o cérebro seria capaz de compreender.

Existe o Bom e o Mau médium?

Sim, e o bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido. É neste sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXIV – item 12) 

E a diferença entre o Bom médium e o Médium bom?

No livro "Estudando a Mediunidade", capítulo 29, de Martins Peralva, trata-se desse assunto bem interessante:

"Não cogitaremos nessas considerações, do “bom médium”, ou seja, daquele que, dotado de apreciáveis faculdades, possibilita a realização de fenômenos insólitos que deslumbram e empolgam, sem finalidade construtiva com vistas à elevação da alma. 

Cogitaremos do "Médium Bom", isto é, daquele que, afeiçoando-se ao Bem, melhora-se cada dia e a cada dia se instrui, a fim de se tornar capaz de filtrar, do Céu, "o que signifique luz e paz", reconforto e esclarecimento para encarnados e desencarnados. 

"Médium Bom", ajuda; "Bom Médium", deslumbra.

Médium bom é aquele que reconhece, nos ensinamentos por ele recebidos, ensejo à sua própria renovação, ao invés, de, pretensiosamente, atribuí-los a outrem. O Médium Bom, pela sua dedicação, constrói no Plano Espiritual Superior preciosos amigos que, a qualquer tempo e em qualquer lugar, lhe serão admiráveis companheiros e instrutores.

Quais são os 5 princípios do Espiritismo?

1. Existência de Deus

Para o Espiritismo, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (Questão nº 1 de O Livro dos Espíritos).

Deus é eterno, ou seja, não teve início nem terá fim. É imutável, e suas leis são estáveis. É também imaterial, então, não é formado de matéria como conhecemos. Deus é único, e portanto, não há nada nem ninguém como Ele. É onipotente, isto é, que pode tudo. Ele ainda é soberanamente justo e bom. Suas leis e princípios são perfeitos, e não podemos duvidar de forma nenhuma da bondade e da justiça divina. Deus é o criador do Universo e basta olhar à nossa volta para ver a perfeição da obra.

2. Existência e sobrevivência da Alma ou Imortalidade da Alma (ou espírito)

Segundo a Doutrina Espírita, a vida continua após a morte. A morte nada mais é do que o perecimento do corpo físico. O espírito, ou seja, a nossa alma, permanece sempre viva. A carne é apenas um instrumento utilizado para uma experiência que visa o progresso espiritual. A vida na Terra, portanto, é apenas uma passagem. O mundo espiritual é nossa origem e nosso verdadeiro lar.

3. Pluralidade das Existências ou Reencarnação

Outro princípio fundamental do Espiritismo é a reencarnação. Reencarnar significa “entrar de novo na carne”. Em outras palavras, o espírito pode voltar ao corpo físico diversas vezes, de acordo com o seu grau de adiantamento. Além disso, sua evolução indica o local da reencarnação.

4. Comunicabilidade dos Espíritos ou Mediunidade

A comunicação entre o mundo físico e o espiritual é um dos princípios essenciais da Doutrina Espírita. Essa interlocução é possível  pelo fenômeno da mediunidade. De acordo com o Espiritismo, todos os indivíduos têm potencial mediúnico, mas nem todos desenvolvem a habilidade em alto grau ao longo da vida terrena. Além disso, a mediunidade pode se apresentar de diversas formas. Há médiuns sensitivos, de incorporação, de cura, clarividentes, clariaudientes, etc.

5. Pluralidade dos Mundos Habitados

A Terra não é o único lugar que pode ser habitado. Há diversos mundos inferiores e superiores que podem servir de moradas para os espíritos, como se referiu Jesus em João cap. 14, vs. 2

O que acontece quando uma pessoa adoece e entra em coma no hospital? 

Seja pela própria doença ou por coma induzido. O coma induzido é aquele provocado por medicações fortes para auxiliar no tratamento médico. 

Algumas doenças cerebrais podem provocar o coma, acidentes e outros males. Algumas pessoas permanecem em coma por muitos dias e até anos. Parecem dormir e algumas precisam de auxílio de máquinas até para respiração.

Algumas voltam à consciência, outras não. Quando os neurônios morrem o restabelecimento é impossível. Algumas famílias , nesse momento de dor, doam os órgãos sadios do familiar querido. Essa atitude tem salvado muitas vidas através dos transplantes.

A pessoa pode sentir o carinho e ouvir os entes queridos mesmo estando inconsciente. Seu corpo material dorme, mas o espírito permanece desperto. Conversam com parentes desencarnados e seu espírito pode se deslocar para outros planos. Outras ficam ao lado do corpo e observam tudo o que acontece à sua volta: o movimento dos médicos e enfermeiros no hospital e os ruídos naturais de uma U.T.I ,etc. Sentem as emoções, mas não conseguem expressá-las. O corpo jaz imóvel no leito.

A diferença é a lembrança. Soube de um rapaz que sofreu um acidente de moto e ficou em coma por alguns dias. Quando acordou do coma se lembrou das conversas entre os médicos e sentiu o sofrimento dos entes queridos. E descreveu uma cena de uma encarnação passada com muitos detalhes.

O corpo dorme, mas o espírito fica alerta. Conversar com o doente pode ajudar na sua recuperação. Mesmo que ele não mova um músculo, sentirá o seu carinho.

Algumas pessoas ficam em coma por vários anos e , mesmo , após o desligamento das máquinas , continuam vivas. Pode ser uma prova que elas mesmo escolheram quando programaram sua reencarnação. Ou até um repouso para a matéria e fase de reflexão para o espírito.

Algumas pessoas despertam do estado de coma e não tem lembrança desse período. O estado de coma é um sono longo e profundo.

Quando dormimos nosso espírito sai do corpo e pode entrar em contato com entes queridos em outros planos siderais. 

A prece e o carinho da família podem acelerar o processo de cura.

Partindo do princípio da reencarnação nosso espírito é eterno e sobrevive após à morte. Tivemos muitas vidas e reencarnaremos seguidamente até atingir a perfeição. Seja na Terra ou em outros mundos.

O sofrimento não é um castigo divino, mas uma consequência dos nossos atos impensados ou egoístas. O sofrimento pode ser opcional. Se nós repararmos o erro não teremos necessidade de sofrer. Podemos pagar o Mal com o Bem. Mesmo as provas mais dolorosas tem como fim a libertação do espírito e sua evolução.

A nossa matéria ainda é muito grosseira. Ela abriga o perispírito e o espírito. O períspirito é uma espécie de invólucro semimaterial que envolve a matéria. Para entender melhor imagine as várias camadas de uma cebola descascada.

O espírito é nossa essência mais pura. O perispírito adquire a forma da encarnação atual. Após à morte, dependendo da sua evolução, pode mudar sua aparência. Geralmente, mantém a aparência da sua última encarnação na Terra para ser reconhecido por seus parentes através da mediunidade de vidência, psicofonia, ou psicografia.

O espírito plasma essa mudança através do processo mental. Uma característica de espíritos mais evoluídos. Espíritos atrasados têm dificuldades em atravessar paredes e portas. Seu perispírito ainda é muito grosseiro. A aparência de um espírito desencarnado provém de sua evolução espiritual. Um espírito evoluído sempre tem muita luz e o médium sente bem estar quando o vê ou sente sua presença.

A doença aparece por conta de karmas negativos contraídos na vida atual ou vidas passadas. Pode ser a consequência de uma vida desregrada, ambiente e alimentação. Mas Deus nos deu a cura e reabilitação através da ciência, medicina, dos medicamentos.

O que fazer diante da iminente separação do corpo físico?

Por ser um momento difícil, ele pode e deve ser trabalhado o quanto antes. Nenhuma construção se começa pelo meio. Há alicerces a serem construídos, de forma tranquila e progressiva, com o olhar consciente diante dessa realidade, visando a reforma íntima, revisando conceitos e paradigmas formados há milênios nos sistemas naturais das existências anteriores...

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap.28 - Preces espíritas, esclarece que é preciso que estejamos cientes das situações iminentes do corpo, a fim de aumentar a compreensão e diminuir as dores e tentar exemplificar o que aprendemos com os ensinos de Jesus. 

No item 57, os Espíritos trazem "A prece por um agonizante", ela nos dá, entre outras preces deste mesmo capítulo as noções básicas de preparo deste momento ao outro, mas que pode ser aplicado sempre a si mesmos. Vejamos:

"57. Prefácio. A agonia é o prelúdio da separação da alma e do corpo. Pode dizer-se que, nesse momento, o homem tem um pé neste mundo e um no outro. 

É penosa às vezes essa passagem, para os que muito apegados se acham à matéria e viveram mais para os bens deste mundo do que para os do outro, ou cuja consciência se encontra agitada pelos pesares e remorsos. 

Para aqueles cujos pensamentos, ao contrário, buscaram o Infinito e se desprenderam da matéria, menos difíceis de romper-se são os laços que os prendem à Terra e nada têm de dolorosos os seus últimos momentos. 

Apenas um fio liga, então, a alma ao corpo, enquanto no outro caso profundas raízes a conservam presa ao corpo. 

Em todos os casos, a prece exerce ação poderosa sobre o trabalho de separação."

O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap.28, item 57, por Allan Kardec.

Como é o Alzheimer na visão espírita?

Dr. Américo Marques Canhoto, médico especialista, recebia pacientes que se diziam indicados por outro médico: r. Eduardo Monteiro. Américo nasceu em Castelo de Mação, Santarém, Portugal. Médico de família desde 1978.

Procurando por este colega de profissão, descobriu que esse “médico” era um espírito, que lhe informou: “Alzheimer acima de tudo é uma moléstia que reflete o isolamento.”

Queremos dividir com os leitores um pouco de algumas das observações pessoais a respeito dessa moléstia, fundamentadas em casos de consultório e na vida familiar – dois casos na família.

Além de trazer à discussão o problema da precocidade com que as coisas acontecem no momento atual.

Será que as projeções estatísticas de alguns anos atrás valem para hoje?

Serão confiáveis como sempre foram?

Se tudo está mais precoce, o que impede de doenças com possibilidade de surgirem lá pelos 65 anos de idade apareçam lá pela casa dos 50 ou até menos?

É incalculável o número de pessoas de todas as idades (até crianças) que já apresentam alterações de memória recente e de déficit de atenção (primeira fase da doença de Alzheimer). Lógico que os motivos são o estilo de vida atual, estresse crônico, distúrbios do sono, medicamentos, estimulantes como a cafeína e outros etc.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

Quais outros princípios da Doutrina que ajudam a entendê-la?

1. Lei de causa e efeito

2. Livre-arbítrio

3. Lei do Progresso

Entenda cada um deles:

1. Lei de causa e efeito

A lei de causa e efeito é um dos mais importantes princípios que regem o Universo. De acordo com a lei, para todo efeito existe uma causa. Ou, para cada ação há uma reação. Isso significa que todos os nossos comportamentos refletem-se como consequências para o nosso espírito.

Essas consequências, por sua vez, não se limitam à reencarnação atual. Os fardos podem acompanhar o espírito por inúmeras existências. Este princípio ajuda-nos a entender as diferenças intelectuais, sociais e morais da sociedade terrena e que nossos sofrimentos são os efeitos dos nossos comportamentos equivocados, fora da Lei Divina.

2. Livre-arbítrio

Um dos fatores que influenciam na lei de causa e efeito é o livre-arbítrio. O livre-arbítrio é a nossa capacidade de escolha autônoma. Ou seja, o indivíduo pode agir conforme seus próprios desejos e decisões. Dessa forma, suas ações implicam em consequências.

Se pratica o bem, colhe na mesma moeda. Por outro lado, se incita o mal, é isso que recebe de volta. O livre-arbítrio está relacionado à consciência do ser.

3. Lei do Progresso

Entre as 10 leis morais que representam a divisão da lei natural de Deus está a lei do progresso. Ela é baseada na ideia de que nós, seres humanos, somos dotados de intelecto para evoluir e fazer a Terra progredir. Assim, quando desenvolvemos a nossa moral, contribuímos para o progresso da humanidade.

O amor (sentimento) e a sabedoria (conhecimento) são as asas que levam os homens à sua evolução espiritual.

Quais os traços de personalidade que as pessoas portadoras de Alzheimer costumam ter?

– Costumam ser muito focadas em si mesmas;

– Vivem em função das suas necessidades e das pessoas com as quais criam um processo de co-dependência e até de simbiose. A partir do momento que a outra pessoa passa a não querer mais essa dependência ou simbiose, o portador da doença (que ainda pode não ter se manifestado), passa a não ter mais em quem se apoiar e, ao longo do tempo, desenvolve processos de dificuldade com orientação espacial e temporal;

– Seus objetivos de vida são limitados (em se tratando de evolução);

– São de poucos amigos; gostam de viver isoladas;

– Não ousam mudar; conserva seus hábitos até o limite da saúde;

– Sua dieta é sempre a mesma. (os alimentos que fogem às suas preferências, fazem-lhes mal; portanto, os alimentos são muito restritos);

– Criam para si uma rotina de ratinho de laboratório;

– São muito metódicas (sempre os mesmos horários e sempre as mesmas coisas, mesmos alimentos, mesmas roupas);

– Costumam apresentar pensamentos circulares e ideias repetitivas bem antes da doença se caracterizar;

– Cultivam manias e desenvolvem TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo);

– Teimosas, desconfiadas, não gostam de pensar;

– Leitura os enfastia;

– Não são chegadas em ajudar o próximo;

– Avessas à prática de atividades físicas;

– Facilmente entram em depressão;

– Agressividade contida;

– Lidam mal com as frustrações que sempre tentam camuflar;

– Não se engajam em nada, sempre dando desculpas para não participar;

– Apresentam distúrbios da sexualidade como impotência precoce e frigidez;

– Bloqueadas na afetividade e na sexualidade, algumas têm dificuldades em manifestar carinho.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

Alzheimer, que é possível aprender como cuidador? A dieta influencia muito?

Paciência, tolerância, aceitação, dedicação incondicional ao próximo, desprendimento, humildade, inteligência, capacidade de decidir por si e pelo outro.

A dieta influencia muito

Os portadores da doença costumam ter hábitos de alimentação sem muita variação, centrada em carboidratos e alimentos industrializados.

Descuidam-se no uso de frutas, verduras e legumes frescos, além de alimentos ricos em ômega 3 e ômega 6.

Devem consumir mais peixe e gorduras de origem vegetal (castanha do Pará, nozes, coco, azeite de oliva extra virgem, óleo de semente de gergelim).

Estudos recentes mostram que até os processos depressivos podem ser atenuados ou evitados pela mudança de dieta.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

Quais os gatilhos que acabam por desencadear o processo?

Na atualidade, a parcela da população que corre mais risco, são os que se aposentam – especialmente os que se aposentam cedo e não criam objetivos de vida de troca interativa em sequência. Isolam-se.

Adoram TV porque não os obriga a raciocinar, pois não gostam de pensar para não precisar fazer escolhas ou mudanças.

Avarentos de afeto e carentes de trocas afetivas, quando não podem vampirizar os familiares ou parentes, deprimem-se escancarando as portas para a degeneração fisiológica e principalmente para os processos obsessivos.

Nessa situação degeneram com incrível rapidez, de uma hora para outra.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

O Alzheimer é uma doença silenciosa? 

Nem tanto, pois avisos é que não faltam, desde a infância.

Analisando e estudando as características da criança, é possível diagnosticar boa parte dos problemas que se apresentarão para serem resolvidos durante a atual existência, até o problema da doença de Alzheimer.

Dia após dia, fase após fase o quadro do que nos espera no futuro vai ficando claro.

O mal de Alzheimer não é transmitido de forma passiva, escrito no DNA, mas pelo aprendizado e pela cópia de modelos de comportamento.

Os remédios ajudam, mas resolver é impossível, ilógico e cruel, se possível fosse; pois, nem todos têm acesso a todos os recursos ao mesmo tempo.

Remédios usados sem a contrapartida da reforma no pensar, sentir e agir podem causar terríveis problemas de atraso evolutivo individual e coletivo, pois apenas abrandam os efeitos sem mexer nas causas.

Os remédios não previnem, apenas adiam o inexorável; e quanto a isso, até os cientistas mais agnósticos concordam.

Um dos mais eficazes remédios já inventados foram os grupos de apoio à terceira idade.

A convivência saudável e as atividades que possam ser feitas em grupo geram um fluxo de energia curativa.

A doença de Alzheimer, acima de tudo, é uma moléstia que reflete o isolamento do espírito que se torna solitário por opção. O interesse pelos amigos é um bom remédio.

O ato de nos vacinarmos contra a doença de Alzheimer é o de estudar as características de personalidade, caráter e comportamento dos que a vivenciam, para que não as repitamos. A melhor e mais eficiente delas é o estudo, o desenvolvimento da inteligência, da criatividade e a prática da caridade.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

Qual a visão de Nossa Senhora Aparecida na doutrina espírita?

Sempre relembramos a Mãe Santíssima, amorosíssima, que cuida de todos nós. Em todos os rincões brasileiros ela é reverenciada na imagem de Nossa Senhora Aparecida. Todas as Nossas Senhoras são o mesmo Espírito luminar, mas são conhecidas por nomes diferentes por ter se manifestado a diversas pessoas em muitos lugares do mundo. São todas a representação do mesmo Espírito Maria de Nazaré, a mãe de Jesus.

Nós, que nascemos num rincão perdido desse nosso Brasil, num pedaço de sertão esquecido pelas autoridades e pelos homens, tínhamos dentro de nosso coração a imagem de Nossa Senhora vista através de um ícone dentro de uma igreja pequenina onde aprendemos a amá-la de forma carinhosa e simples.

Entendemos em nossa simplicidade que deveríamos amar a Mãe de Jesus como se deve amar todos os Espíritos que são santos, que são maravilhosamente bons, que lutam pelo bem, que ajudam todos os filhos que se perdem por esse mundo imenso.

Nós aprendemos desde criança a amar aquela Mãe plena de amor, que para nós representava a genitora de Jesus Cristo, e carregamos isso no coração para sempre.

Quando despertou em nós a mediunidade, quando passamos a ver os Espíritos, conversávamos com eles e tivemos que enfrentar a guerra que chegou para incomodar o coração, nós nunca esquecemos a Mãe amorosa que nos cuidava nas batalhas e refregas que tínhamos contra os homens do Governo Federal.

Depois do desencarne, aprendemos que a Mãe Santíssima cuida de milhares de instituições lindamente enfeitadas no mundo espiritual onde atende todos os filhos perdidos no mundo e que cometeram injustiças e iniquidades contra o seu próximo.

Esses Espíritos cometeram crimes, mortes, suicídios, desprezaram, odiaram, e quando desencarnaram foram para os lugares abismais onde sofreram muito para resgatar o mal cometido.

Nossa Mãe permite que possamos sair de nossas cidades de luz e percorrer os lugares escuros, horrendos, e de lá retirar os Espíritos que sofrem e que pedem por misericórdia.

Quando retornamos de nossas excursões aos vales de sofrimento levamos esses irmãos sofredores para os hospitais onde são cuidados por Espíritos voltados ao trabalho com Nossa Senhora.

Nesses hospitais vemos no olhar dos irmãos sofredores que a luz volta a resplandecer, porque no novo ambiente começam a aprender, ver e sentir que estão protegidos por um ser angelical, pois nossa Mãe Santíssima está presente nesses lugares, ajudando, à sua maneira, a todos os que têm necessidades.

Neste dia comemoramos a visita de Nossa Mãe Santíssima ao nosso Brasil em forma de uma imagem de uma santa negra retirada de um rio para mostrar que nem o status, nem a religião, nem o gosto, nem o partido, nem a cor da pele, nem a ideologia, nem a sabedoria, nada influi na decisão de Nossa Mãe em auxiliar os seus filhos.

Ela, em sua sabedoria superior, sabe que somos filhos do mesmo Pai e que estamos na Terra no lugar onde que devemos estar, onde merecemos estar.

Maria de Nazaré, com seu coração amoroso, está sempre presente para fazer surgir de dentro de nós o amor imortal para com Deus, e nós, como irmãos que somos em humanidade, em Espírito, devemos sempre nos dar as mãos, trabalhar, fazer o bem, praticar a caridade, amar, para um dia também merecermos estar sob o manto dessa Mãe que chamamos simplesmente de Nossa Senhora.

Jesus nos abençoe e nos ilumine sempre. Que essas pétalas de rosas vindas dos jardins celestes, com seu perfume inebriante, preencham o coração de cada um para que possamos andar bem e que a Mãe Santíssima nos ajude sempre.

De vossa irmã Maria Rosa.

Como evitar tornar-se um Alzheimer?

Torne sua vida produtiva, pratique sem cessar o perdão e a caridade com muito esforço e inteligência.

Muito mais há para ser analisado e discutido sobre este problema evolutivo que promete nos visitar cada dia mais precocemente.

Além das dúvidas que levantamos, esperamos que os interessados não se furtem ao saudável debate.

“O desapego é necessário para o crescimento espiritual.”

E aqui fica a célebre frase de todo doente de Alzheimer:

“Quero voltar para minha casa”, mas que casa seria esta?

“Talvez você esqueça amanhã as palavras gentis que disse hoje, mas a pessoa que recebeu lembrará por toda a vida”.

Dale Carnegie, escritor e autor de best-sellers.

O que o Espiritismo relata sobre Judas Escariotes?

No Livro “Crônicas de Além Túmulo” com psicografia de Francisco Cândido Xavier, encontramos um diálogo com Judas muito interessante e esclarecedor.

Cap. 05 – Judas Escariotes, 19 de Abril de 1935.

Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. 

E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.

Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições. Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. 

Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. 

Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.

Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.

– Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.

– Judas?!…

– Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. 

Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de outrora.

Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.

-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios…

– É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?

– Em parte… Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. 

Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galileia (Herodes Antipas), além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. 

Sempre a mesma história. O Sanedrim (Sinédrio = Assembleia sentada) desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra.

Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. 

-Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. 

Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. 

O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. 

Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.

– E chegou a salvar-se pelo arrependimento?

– Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. 

Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência…

– E está hoje meditando nos dias que se foram… – pensei com tristeza.

– Sim… Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino…

Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe… Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor… Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra… Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. 

Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.

Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado…

– É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.

Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.

Como podemos lidar com a saudade?

Saudade é algo que não morre, pelo contrário, saudade é presença. A dor de perder um ente querido, pela astuta ação da morte deixa em todos nós a marca da saudade.

Quando ocorre a morte, experimentamos a forte dor e a sensação de termos perdido o chão, perdido as raízes. Daí pensamos estar soltos no mundo. Somente a crença na soberania maior das Leis do Criador e entender-nos sujeitos a elas poderá nos ajudar a lidarmos com esses momentos naturais e iminentes.

Quais seriam as reencarnações de Joanna de Ângelis?

Joanna de Ângelis, em outras reencarnações, foi:

JOANA DE CUZA, uma das piedosas mulheres do Evangelho. Era esposa de Cuza, procurador de Herodes, o Tetrarca, (governador de uma tetrarquia, cada uma das partes de um estado ou província dividida em quatro governos). Joana foi curada por Jesus (Lucas VIII 2 e 3), com Maria Madalena, Suzana e muitas outras mulheres, as quais lhe prestava assistência com os seus bens. Em Lucas 24: 10 é mencionada entre as mulheres que, na manhã de Páscoa, tendo ido ao sepulcro de Jesus, o encontraram vazio. Em Roma, no ano de 68, 27 de Agosto, por não renunciar à fé em Jesus, é sacrificada numa fogueira, no Coliseu. 

Desencarnou perdoando seus carrascos. Joanna, certamente, viveu no tempo de Francisco de Assis (1182- 1226), talvez numa das ordens fundadas por Clara de Assis (1193- 1252), fundadora da Ordem das Clarissas. O Martirológico Romana comemora-a em 14 de Maio.

No México, foi JUANA DE ASBAJEY RAMIRES DE SANTILLANA. Nasceu em 1651 em San Miguel Neplanta, filha de D. Manuel Asbaje, espanhol, e de Isabel Ramirez de Santillana, indígena. Foi uma criança precoce. Começou a fazer versos aos cinco anos. Aos doze aprendeu latim em vinte aulas e português sozinha, falava a língua indígena nauatle, dos nauas, geralmente chamados de astecas. 

Na Corte, o vice-rei de Espanha, o Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição europeia, convidou a menina- -prodígio de treze anos para dama de companhia de sua mulher. Encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidades, seus poemas de amor são citados até hoje e suas peças representadas em programas de rádio e televisão. Mas sua sede de saber era maior que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte. 

Aos dezesseis anos ingressa no Convento das Carmelitas Descalças e depois foi para a Ordem de São Gerônimo da Conceição, tomando o nome de Soror Juana Inês de la Cruz, ficando conhecida pelos seus hábitos de estudo como Monja da Biblioteca. Em 1690 dizia da necessidade do conhecimento geral para melhor entender e servir a Deus, defendendo o direito da mulher de se dedicar às atividades intelectuais. Tal documento é considerado a Carta Magna da liberdade intelectual da mulher americana. 

Mulher de letras e de ciências, ela foi a porta-voz das escravizadas do seu tempo. É citada num artigo da Revista Seleções do Reader´s Digest, de Julho de 1972. Soror Juana Inês de la Cruz: A primeira feminista do Novo Mundo. Dizia que é pela compreensão que o homem é superior aos animais. 

Trabalhando na cozinha do Convento, descobre muitos segredos naturais, e conclui que Se Aristóteles tivesse cozinhado, muito mais teria escrito . 

Como se vê, trata-se de um vulto muito importante para o México e para a Humanidade, tanto assim que a cédula de 1000 pesos tem a sua efigie. Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana, socorrendo os doentes, desencarna de peste aos 44 anos.

Na Bahia, foi SOROR JOANA ANGÉLICA, religiosa da Ordem das Reformadas de Nossa Senhora da Conceição e Heroína da Independência do Brasil. Joana Angélica de Jesus nasceu em Salvador, na Bahia, a 11 de Dezembro de 1761. Entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Lapa em 1782, pronunciando os votos um ano depois. Entre 1798 e 1801 exerceu diversos cargos burocráticos na comunidade, assumindo as funções de vigaria. 

Conduzida ao posto de conselheira em 1809, retornou ao vicariato em 1811. Eleita abadessa, em 1814, esteve à frente do convento até 1817, sendo reeleita três anos depois. Em 7 de Setembro de 1822, no Ipiranga, S. Paulo, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, separando-o de Portugal. Porém, na Bahia, as tropas portuguesas comandadas pelo Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Mala (1775-1833), resistiram tenazmente às forças mandadas por D. Pedro I. Somente em 2 de Julho de 1823 Madeira de Malo abandonou a Bahia, embarcando para Portugal com suas tropas. As tropas brasileiras eram comandadas pelo militar francês Pierre Labatut (1768-1849), e o tenente Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias. Vale lembrar que Maria Quitéria de Jesus Medeiros, a primeira mulher soldado, sagra-se heroína, sendo condecorada por D. Pedro I. 

Durante as lutas pela independência, em 19 de Fevereiro de 1823, os soldados portugueses invadiram o convento de Nossa Senhora da Lapa. Soror Joana Angélica sai à porta do Convento, intimando-os com a cruz alçada, a não profanarem o abrigo de suas protegidas. Resistiu valentemente, sendo atacada a golpes de baioneta. 

Com o seu martírio deu tempo às internas de escaparem, refugiando- se no Convento da Soledade. Soror Joana Angélica recebeu socorros, vivendo, porém, poucas horas, desencarnando no dia seguinte, 20 de Fevereiro. Tombando numa luta pelos ideais de liberdade, Soror Joana Angélica tornou-se mártir da Independência do Brasil.

Como Joanna de Ângelis prossegue no mundo espiritual como verdadeira Amiga e Benfeitora, como um Espirito Amigo, das mensagens do Evangelho Segundo o Espiritismo , orientando as criaturas através dos séculos, em diversas existências para Jesus e para o Bem. 

Espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, tem escrito livros ricos de ensinamentos, verdadeiros tratados de saúde mental, com uma terapia baseada no Evangelho de Jesus e na Codificação Kardequiana. Vale a pena lembrar que as mensagens contidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo , Capítulo IX, item 7: A Paciência , Havre-1862 e Capítulo XVIII, itens 13 a 15: Dar-se-á àquele que tem. , Bordeaux (Bordéus)-1862, recebidas de Um Espírito Amigo, são de sua autoria.

Bibliografia:

1) A Veneranda Joanna de Ângelis – Divaldo Pereira Franco (mediúnico)

2) Seleções do Reader´s Digest, Julho de 1972

3) Deustshland – Dezembro de 1993 n. 3

Como é o arrependimento e remorso na visão espírita?

Ambos tratam da consciência dolorosa de uma falta passada, somada à vontade de evitá-la daí em diante, e se possível, repará-la. 

Na ótica espírita, o remorso é o prelúdio do castigo, enquanto o arrependimento, a caridade e a fé nos conduzirão à felicidade.  

Remorso. Do latim "remorsus", particípio passado de remordere, tornar a morder, significa inquietação, abatimento da consciência que percebe ter cometido uma falta, um erro.  

Arrependimento. Do latim "repoenitere", sentimento de pesar causado por violação de uma lei ou de uma conduta moral: resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. 

O remorso tem relação com a culpa, porque é habitual e quase inato o conhecimento dos primeiros princípios da moralidade. Este sentimento de pena é tão profundo que pode originar outros sentimentos, tais como, angústia, tristeza, desespero etc. 

Arrepender é um verbo muito presente nos textos bíblicos. A personagem - símbolo - do arrependimento é santa Maria Madalena, habitada por sete demônios. Foi reabilitada de seu estado de pecadora pela seguinte justificativa evangélica: “Muito lhe foi perdoado porque muito amou”.  

Na Revista Espírita de 1858, Allan Kardec publica um diálogo feito com o ASSASSINO LEMAIRE, condenado pelo júri de Aisne e executado em 31 de dezembro de 1857. Seu espírito foi evocado em 29 de janeiro de 1858. Nas suas 41 respostas, anotamos duas pertinentes ao nosso tema: 

1) "Eu estava imerso numa grande perturbação"; 

2) "Um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente, cuja causa ignorava".  

A PENA DO REMORSO É ETERNA?

De acordo com o Espiritismo, o prazo da expiação está subordinado ao melhoramento do culpado. Os trinta e três itens do código da vida futura, expostos no livro Céu e Inferno de Allan Kardec, podem ser resumidos em: arrependimento, expiação e reparação, ou seja, apagar os traços de uma falta e suas consequências.  

O SIMPLES ARREPENDIMENTO SALVA? 

O arrependimento por si só não é o suficiente; ele apenas prepara e suaviza a expiação. A má ação é um desvio com relação à Lei Natural; a sua consequência é a dor e o sofrimento. 

Qual a diferença entre Espírito e Alma?

As palavras alma e Espírito, posto que sinônimos e empregados indiferentemente, não exprimem exatamente a mesma ideia. A alma é, a bem dizer, o princípio inteligente, imperceptível e indefinido como o pensamento. No estado dos nossos conhecimentos, não podemos concebê-lo isolado da matéria de maneira absoluta. 

Posto que formado de matéria sutil, o perispírito faz dele um ser limitado, definido e circunscrito a sua individualidade espiritual. De onde se pode formular esta proposição: 

A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado ESPÍRITO.

Nas manifestações espíritas não é, pois, a alma que se apresenta só; e sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o necessário intermediário, através do qual ela age sobre a matéria compacta. Nas aparições não é a alma que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que quando se vê um homem vê-se seu corpo, mas não o pensamento, a força, o princípio que o faz agir.

(Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec, Ano VII, maio de 1864)

“ 1 - A alma é um ser simples, primitivo; 2 - O Espírito, o ser duplo e 3 - O homem, o ser triplo. Se se confundir o homem com roupas, teremos um ser quádruplo. 

Na circunstância de que se trata, o vocábulo Espírito é o que melhor corresponde à coisa expressa. Pelo pensamento representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma.” 

O que é o código penal da vida futura?

Já que o Universo é regido por Leis imutáveis, o livro Céu e Inferno, de Allan Kardec traz importantes aspectos sobre o tema. O Espiritismo não vem, portanto, mediante sua autoridade privada, formular um código de fantasia; sua lei, no que toca ao futuro da alma, deduzida de observações feitas sobre o fato, pode resumir-se nos seguintes pontos:

1º A alma ou o Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições de que não se despojou durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao grau de sua purificação ou de suas imperfeições.

2º A felicidade perfeita está ligada à perfeição, ou seja, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de gozo, assim como toda qualidade adquirida é uma causa de gozo e de atenuação dos sofrimentos.

3º Não há uma única imperfeição da alma que não traga consigo suas consequências lastimáveis, inevitáveis, e nem uma única boa qualidade que não seja a fonte de um prazer. A soma das penas é assim proporcionada à soma das imperfeições, como a dos prazeres está na razão da soma das qualidades. Por exemplo: a alma que tem dez imperfeições sofre mais do que a que tem só três ou quatro; quando dessas dez imperfeições, não lhe restar senão um quarto ou a metade, ela sofrerá menos, e quando não lhe restar nenhuma, não sofrerá mais e será perfeitamente feliz. Tal como, na terra, aquele que tem várias doenças sofre mais do que o que só tem uma, ou nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez qualidades tem mais gozos do que a que tem menos qualidades.

4º Em virtude da lei do progresso, toda alma tendo a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta e se desfazer do que tem de mau, segundo seus esforços e sua vontade, resulta daí que o futuro não está fechado a nenhuma criatura. Deus não repudia nenhum de seus filhos; recebe-os no seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando assim a cada um o mérito de suas obras.

5º Estando o sofrimento vinculado à imperfeição, como o prazer à perfeição, a alma carrega em si mesma seu próprio castigo em toda parte onde se encontra: não é preciso para isso de um lugar circunscrito. O inferno está portanto em todo lugar onde há almas sofredoras, como o céu está em toda parte onde há almas bem aventuradas.

6º O bem e o mal que se faz são o produto das boas e das más qualidades que se possui. Não fazer o bem que se é capaz de fazer é então o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é uma fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não só por todo o mal que fez, mas por todo o bem que poderia ter feito e não fez durante sua vida terrestre.

7º O Espírito sofre pelo próprio mal que fez, de maneira que sua atenção estando incessantemente concentrada nas consequências desse mal, ele compreenda melhor seus inconvenientes e seja motivado a corrigir-se.

8º Sendo a justiça de Deus infinita, é mantida uma conta rigorosa do bem e do mal; se não há uma única má ação, um único mau pensamento que não tenha suas consequências fatais, não há uma única boa ação, um único bom movimento da alma, o mais leve mérito, numa palavra, que seja perdido, mesmo nos mais perversos, porque é um começo de progresso.

9º Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deve ser paga; se não o for numa existência, sê-lo-á na seguinte ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias umas das outras. Aquele que a quita na existência presente não terá de pagar uma segunda vez.

10º O Espírito sofre a pena de suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal. Todas as misérias, todas as vicissitudes que suportamos na vida corporal são decorrentes de nossas imperfeições, expiações de faltas cometidas, seja na existência presente, seja nas precedentes. Pela natureza dos sofrimentos e das vicissitudes suportadas na vida corpórea, pode-se julgar da natureza das faltas cometidas numa existência precedente, e das imperfeições que lhe são a causa.

11º A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta; a mesma falta pode assim dar lugar a expiações diferentes, segundo as circunstâncias atenuantes ou agravantes nas quais ela foi cometida.

12º Não há, em relação à natureza e à duração do castigo, nenhuma regra absoluta e uniforme; a única lei geral é que toda falta recebe sua punição e toda boa ação sua recompensa, segundo seu valor.

13º A duração do castigo está subordinada ao aperfeiçoamento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por um tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige para pôr um fim aos sofrimentos, é um aperfeiçoamento sério, efetivo, e um retorno sincero ao bem. O Espírito é assim sempre o árbitro de seu próprio destino; pode prolongar seus sofrimentos pela persistência no mal, aliviá-los ou abreviá-los por seus esforços para fazer o bem. Uma condenação por um tempo determinado qualquer teria o duplo inconveniente: o de continuar a atingir o Espírito que se tivesse melhorado, ou de cessar quando ele ainda estivesse no mal. Deus, que é justo, pune o mal enquanto ele existe; cessa de punir quando o mal não existe mais; ou, sendo o mal moral, por si mesmo, uma causa de sofrimento, o sofrimento dura enquanto o mal subsistir; sua intensidade diminui à medida que o mal perde força.

14º Estando a duração do castigo subordinada à melhoria, daí resulta que o Espírito culpado que jamais se melhorasse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria eterna.

15º Uma condição inerente à inferioridade dos Espíritos é não ver o termo de sua situação e crer que sofrerão sempre. É para eles um castigo que lhes parece dever ser eterno.

16º O arrependimento é o primeiro passo para o aperfeiçoamento; mas sozinho não basta, é preciso ainda a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza as dores da expiação, dando esperança e preparando as vias da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo a causa; o perdão seria uma graça e não uma anulação.

17º O arrependimento pode ocorrer em todo lugar e a qualquer tempo; se for tardio, o culpado sofre por mais longo tempo. A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente, seja, após a morte, na vida espiritual, seja numa nova existência corpórea, até que os traços da falta sejam apagados. A reparação consiste em fazer bem àquele a quem se fez mal. Quem não repara suas faltas nesta vida, por impotência ou má vontade, encontrar-se-á, numa existência ulterior, em contato com as mesmas pessoas que tiveram queixas dele, e em condições escolhidas por ele mesmo, de maneira a poder provar-lhes sua dedicação, e fazer-lhes tanto bem quanto lhes fez mal. Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efetivo; neste caso, a reparação se realiza: fazendo o que se devia fazer e que não se fez, cumprindo os deveres que foram negligenciados ou ignorados, as missões nas quais se falhou; praticando o bem contrário ao que se fez de mal: isto é, sendo humilde se foi orgulhoso, terno se foi duro, caridoso se foi egoísta, benevolente se foi malevolente, laborioso se foi preguiçoso, útil se foi inútil, temperante se foi dissoluto, um bom exemplo se deu mau exemplo, etc. É assim que o Espírito progride tirando proveito de seu passado.

18º Os Espíritos imperfeitos são excluídos dos mundos felizes, cuja harmonia perturbariam; permanecem nos mundos inferiores, onde expiam suas faltas pelas tribulações da vida, e se purificam de suas imperfeições, até que mereçam encarnar-se nos mundos mais avançados moral e fisicamente. Se pudéssemos conceber um lugar de castigo circunscrito, é nos mundos de expiação, pois é em volta desses mundos que pululam os Espíritos imperfeitos desencarnados, esperando uma nova existência que, permitindo-lhes reparar o mal que fizeram, ajudará em seu adiantamento.

19º Tendo sempre o Espírito seu livre-arbítrio, seu melhoramento é por vezes lento, e sua obstinação no mal muito tenaz. Ele pode persistir anos e séculos; mas chega sempre um momento em que sua teimosia em enfrentar a justiça de Deus se dobra diante do sofrimento, e em que, apesar de sua soberba, reconhece o poder superior que o domina. Assim que se manifestam nele as primeiras luzes do arrependimento, Deus lhe faz entrever a esperança. Nenhum Espírito está na condição de jamais aperfeiçoar-se; de outro modo, estaria destinado a uma eterna inferioridade, e escaparia à lei do progresso que rege providencialmente todas as criaturas.

20º Sejam quais forem a inferioridade e a perversidade dos Espíritos, Deus nunca os abandona. Todos têm seu anjo guardião que vela por eles, espia os movimentos de sua alma e esforça-se para suscitar neles bons pensamentos, o desejo de progredir e de reparar, numa nova existência, o mal que fizeram. Contudo o guia protetor age quase sempre de maneira oculta, sem exercer nenhuma pressão. O Espírito deve aperfeiçoar-se pelo fato de sua própria vontade, e não em decorrência de qualquer coerção. Ele age bem ou mal em virtude de seu livre-arbítrio, mas sem ser fatalmente impelido num sentido ou noutro. Se age mal, sofre as consequências do mal enquanto persistir no mau caminho; desde que dá um passo para o bem, sente imediatamente os efeitos. Observação. – Seria um erro crer que em virtude da lei do progresso, a certeza de chegar cedo ou tarde à perfeição e à bem aventurança pode ser um encorajamento a perseverar no mal, sob a condição de se arrepender mais tarde: primeiro, porque o Espírito inferior não vê o termo de sua situação; em segundo lugar, porque o Espírito, sendo o artífice de sua própria desgraça, acaba por compreender que depende dele fazê-la cessar, e que quanto mais tempo persistir no mal, por mais tempo será desgraçado; que seu sofrimento durará para sempre se ele mesmo não lhe puser fim. Seria portanto de sua parte um cálculo errado, e ele seria o primeiro enganado. Se, ao contrário, segundo o dogma das penas irremissíveis, toda esperança lhe está vedada para sempre, ele não tem nenhum interesse em voltar ao bem, que não lhe traz proveito. Diante desta lei cai igualmente a objeção tirada da presciência divina. Deus, criando uma alma, sabe efetivamente se, em virtude de seu livre-arbítrio, ela tomará o bom ou o mau caminho; sabe que ela será punida se agir mal; mas sabe também que esse castigo temporário é um meio de lhe fazer compreender seu erro e de fazê-la entrar no bom caminho, ao qual ela chegará cedo ou arde. Segundo a doutrina das penas eternas, Ele sabe que ela falhará, e está de antemão condenada a torturas sem fim.

21º Cada um é responsável apenas por suas faltas pessoais; ninguém carrega a pena das faltas de outrem, a menos que tenha dado lugar a tal, seja provocando-as por seu exemplo, seja não as impedindo quando tinha esse poder. É assim, por exemplo, que o suicida é sempre punido; mas aquele que, por sua dureza, impele um indivíduo ao desespero e daí a destruir-se, sofre uma pena ainda maior.

22º Embora a diversidade das punições seja infinita, há aquelas que são inerentes à inferioridade dos Espíritos, e cujas consequências, exceto as nuances, são quase idênticas. A punição mais imediata, sobretudo para os que se apegaram à vida material negligenciando o progresso espiritual, consiste na lentidão da separação da alma e do corpo, nas angústias que acompanham a morte e o despertar na outra vida, na duração da perturbação que pode durar meses e anos. Para aqueles, ao contrário, cuja consciência é pura, que, durante a vida se identificaram com a vida espiritual e se desprenderam das coisas materiais, a separação é rápida, sem abalos, o despertar pacífico e a perturbação quase inexistente.

23º Um fenômeno, muito frequente nos Espíritos de alguma inferioridade moral, consiste em acreditar que ainda estão vivos, e essa ilusão pode prolongar-se durante anos, ao longo dos quais experimentam todas as necessidades, todos os tormentos e todas as perplexidades da vida.

24º Para o criminoso, a visão incessante de suas vítimas e das circunstâncias do crime é um cruel suplício.

25º Certos Espíritos estão mergulhados em espessas trevas; outros estão num isolamento absoluto no meio do espaço, atormentados pela ignorância de sua posição e de seu destino. Os mais culpados sofrem torturas tanto mais pungentes quanto não lhes veem o fim. Muitos são privados da visão dos seres que lhes são caros. Todos, geralmente, suportam com intensidade relativa os males, as dores e as necessidades que fizeram suportar aos outros, até que o arrependimento e o desejo de reparação venham trazer um alívio, fazendo entrever a possibilidade de pôr, por si mesmo, um fim a essa situação.

26º É um suplício para o orgulhoso ver acima de si, na glória, rodeados e festejados, aqueles que ele desprezara na terra, ao passo que ele é relegado às últimas fileiras; para o hipócrita, ver-se penetrado pela luz que põe a nu seus mais secretos pensamentos, que todos podem ler: nenhum meio têm de se esconder e dissimular-se; para o sensual, ter todas as tentações, todos os desejos, sem poder satisfazê-los; para o avaro, ver seu ouro dilapidado e não poder retê-lo; para o egoísta, ser abandonado por todos e sofrer tudo o que outros sofreram por sua causa: terá sede, e ninguém lhe dará de beber; terá fome, e ninguém lhe dará de comer; nenhuma mão amiga vem apertar a sua, nenhuma voz compassiva o vem consolar; não pensou senão em si próprio durante a vida, ninguém pensa nele nem o lastima depois da morte.

27º O meio de evitar ou atenuar as consequências de seus defeitos na vida futura é desfazer-se deles o máximo possível na vida presente; é reparar o mal, para não ter de repará-lo mais tarde de maneira horrível. Quanto mais se demora a se desfazer dos defeitos, mais as consequências são penosas e mais a reparação que se deve realizar é rigorosa.

28º A situação do Espírito, desde sua entrada na vida espiritual, é a que ele preparou pela vida corporal. Mais tarde, outra encarnação lhe é dada para a expiação e a reparação por novas provas; mas ele as aproveita mais ou menos em virtude de seu livre-arbítrio; se não aproveita, é uma tarefa a recomeçar cada vez em condições mais penosas: de modo que aquele que sofre muito na terra pode dizer que tinha muito que expiar; aqueles que gozam de uma felicidade aparente, apesar de seus vícios e sua inutilidade, estejam certos de pagá-lo muito caro numa existência ulterior. É neste sentido que Jesus disse: “Bem aventurados os aflitos, pois eles serão consolados.” (Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V.)

29º A misericórdia de Deus é infinita, sem dúvida, mas não é cega. O culpado que ele perdoa não é exonerado, e enquanto não satisfez a justiça sofre as consequências de suas faltas. Por misericórdia infinita, é preciso entender que Deus não é inexorável, e que deixa sempre aberta a porta do retorno ao bem.

30º Sendo as penas temporárias e subordinadas ao arrependimento e à reparação, que dependem da livre vontade do homem, são ao mesmo tempo castigos e remédios que devem ajudar a curar as feridas do mal. Os Espíritos em punição são, portanto, não como condenados às galés por tempo, mas como doentes no hospital, que sofrem da doença que quase sempre é culpa deles, e dos meios curativos dolorosos de que ela necessita, mas que têm esperança de sarar, e que saram tanto mais depressa se seguirem mais exatamente as prescrições do médico que vela por eles com solicitude. Se prolongam seus sofrimentos por falta sua, o médico nada tem com isso.

31º Às penas que o Espírito suporta na vida espiritual vêm juntar-se as da vida corporal, que são a consequência das imperfeições do homem, de suas paixões, do mau emprego de suas faculdades, e a expiação de suas faltas presentes e passadas. É na vida corporal que o Espírito repara o mal das existências anteriores, que põe em prática as resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam essas misérias e essas vicissitudes que, ao primeiro olhar, parecem não ter razão de ser, e são absolutamente justas pois são a quitação do passado e servem ao nosso adiantamento. ****

32º Deus, disse, não provaria um amor maior por suas criaturas se as tivesse criado infalíveis e, por conseguinte, isentas das vicissitudes vinculadas à imperfeição?

Teria sido preciso, para isso, que criasse seres perfeitos, nada tendo de adquirir, nem em conhecimento, nem em moralidade. Sem dúvida nenhuma, ele podia; se não o fez, é que, na sua sabedoria, quis que o progresso fosse a lei geral. Os homens são imperfeitos, e, como tal, sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas; é um fato que é preciso aceitar, visto que existe. Inferir daí que Deus não é bom nem justo seria uma revolta contra ele. Haveria injustiça se ele tivesse criado seres privilegiados, uns mais favorecidos que outros, gozando sem trabalho da felicidade que outros só atingem com dificuldade, ou nunca podem atingir. Mas onde sua justiça brilha é na igualdade absoluta que preside à criação de todos os Espíritos; todos têm um mesmo ponto de partida; nenhum que seja, na formação, mais bem dotado que os outros; nenhum cuja marcha ascensional seja facilitada por exceção: os que chegaram ao objetivo passaram, como os outros, pela sucessão das provas e da inferioridade. Admitido isto, o que há de mais justo do que a liberdade de ação deixada a cada um? A estrada da felicidade está aberta a todos; o objetivo é o mesmo para todos; as condições para atingi-lo são as mesmas para todos; a lei gravada em todas as consciências é ensinada a todos. Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho, e não do favor, a fim de que cada um tivesse seu mérito; cada um é livre de trabalhar ou de não fazer nada para seu adiantamento; aquele que trabalha muito e depressa é recompensado por isso mais cedo; aquele que se desvia do caminho ou perde tempo retarda a chegada, e só pode acusar a si mesmo. O bem e o mal são voluntários e facultativos; o homem, sendo livre, não é fatalmente impelido nem para um, nem para outro.

33º Apesar da diversidade dos gêneros e dos graus de sofrimento dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:

Tal é a lei da justiça divina: a cada um segundo suas obras, no céu como na terra.

Como se relaciona Espírito, Perispírito e Alma?

9.“Quando a alma está ligada ao corpo, durante a vida, tem duplo envoltório: um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.”

10.“Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais: 

1° A alma ou Espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral; 

2° O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior; 

3° O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o Corpo.”

14.“A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem. A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito.” 

(O que é o Espiritismo - cap. II, item 9, 10 e 14, Allan Kardec)

Qual a missão dos Espíritos encarnados?

“Em instruir os homens, auxiliar o progresso, melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha uma missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo na Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, sob essa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.” (O Livro dos Espíritos, questão 573)

Os espíritos sabem de todas as coisas?

Os Espíritos são as almas dos homens que já perderam o corpo físico. A exemplo do que observamos na Humanidade encarnada, o conhecimento que eles têm é correspondente ao seu grau de adiantamento moral e intelectual. A morte é uma passagem para a vida espiritual e não dá valores morais ou de inteligência a quem não os tem.

O que é o Céu e o que seria o Inferno?

Não se tratam de lugares circunscritos e determinados, mas estados íntimos da criatura, alicerçados na consciência de cada um.

Céu: consciência tranquila oriunda do esforço permanente de amar e servir em nome do Senhor, edificando nos a nós mesmos.

Inferno: intranquilidade e remorso decorrentes de atitudes errôneas e invigilantes.

Qual seria a missão das criaturas voluntariamente inúteis?

“Há efetivamente pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já nesse mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.” (O Livro dos Espíritos, questão 574)

Como é o inferno dos espíritos?

O Espiritismo nos esclarece que existe o que chamamos de Umbral (por uma uma questão de nomenclatura), trata-se de uma obscura zona espiritual, onde estagiam, apenas temporariamente, quantos no mundo fugiram de seus deveres, e trazem em si mesmos sentimentos de culpa, por terem se acumpliciados se com o mal. Dele, porém, se afastam quando se decidem pela sua renovação indispensável, em busca de planos mais elevados.

Porque os espíritos prefeririam uma existência sem proveitos?

“Entre os Espíritos também há preguiçosos que recuam diante de uma vida de labor. Deus consente que assim procedam. Mais tarde compreenderão, à própria custa, os inconvenientes da inutilidade a que se votaram e serão os primeiros a pedir que se lhes conceda recuperar o tempo perdido. Pode também acontecer que tenham escolhido uma vida útil, mas se recuaram diante da execução da obra, deixando-se levar pelas sugestões dos Espíritos que os induzem a permanecer na ociosidade.” 

O Livro dos Espíritos, questão 574.a

Como são os sonhos segundo o espiritismo?

Durante o sono, a alma penetra momentaneamente no mundo espiritual, entrando em contato com os Espíritos afins, encarnados e desencarnados. Nessas ocasiões, os Espíritos Protetores lhe transmitem conselhos mais diretos, dos quais muitas vezes guarda lembrança ao despertar. Nem todos os sonhos, entretanto, representam avisos da Espiritualidade. "Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos".

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como entender os milagres de Jesus na visão espírita?

Jesus foi um mensageiro direto do Criador, um Messias divino; suas virtudes situavam-se em nível muito acima das possibilidades da humanidade terrestre; não estava sujeito às fraquezas do corpo, pois o dominava completamente; seu perispírito era "tirado da parte mais quintessenciada dos fluídos terrestres". 

Tratava-se de um Espírito Superior, desprendido da matéria e sua alma devia ligar-se ao corpo "senão pelos laços estritamente indispensáveis"; possuía dupla vista, que devia ser permanente e de excepcional penetração. A pureza de seus fluídos perispirituais lhe "conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem". Jesus não foi um poderoso médium curador, pois, pela sua superioridade, agia por si mesmo; poderia ser considerado médium de Deus.

Sobre o relato bíblico da Estrela dos magos?

A descrição de S. Mateus não é passível de verificação. Não poderia tratar-se de uma estrela, podendo, entretanto, ter sido a aparição de um Espírito sob forma luminosa, ou a transformação de "uma parte do seu fluído perispirítico em foco luminoso".

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar as ressurreição da filha de Jairo pela ótica espírita?

Jesus foi chamado por um chefe de sinagoga para impor as mãos sobre sua filha de 12 anos que estava para morrer. 

Lá chegando ordenou que as pessoas que choravam sua morte se afastassem dizendo-lhes que não estava morta, mas apenas adormecida. 

Tomando-lhe as mãos ordenou que se levantasse o que ela imediatamente fez e se pôs a andar.

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

O que seria o fenômeno da Dupla vista?

Possuía Jesus a faculdade da vista espiritual em grau elevado, e as narrações evangélicas atestam várias passagens em que demonstrava conhecer os pensamentos das pessoas, através das "irradiações fluídicas desses pensamentos", refletidas como num espelho em seus perispíritos. 

Esta faculdade permitiu ao Mestre indicar o local exato em que Simão deveria lançar suas redes para enchê-las de peixes, no episódio da pesca tida por milagrosa. Conhecia as disposições íntimas de Pedro, André, Tiago, João e Mateus, quando os chamou e imediatamente o acompanharam. Previu a traição de Judas e adiantou a Pedro que por três vezes o negaria.

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar as ressurreição do filho da viúva de Naim pela ótica espírita?

Ao se aproximar da cidade de Naim, deparou Jesus com um cortejo fúnebre; tratava-se de um rapaz, filho único de uma viúva. 

Compadecido com o sofrimento materno, Jesus ordenou ao moço que se levantasse a que este se sentou e começou a falar para espanto dos presentes. 

Tal fato, considerado milagroso, espalhou-se por toda a Judéia e circunvizinhanças.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar Jesus caminhando sobre as águas pela ótica espírita?

Jesus se dirigiu "caminhando por sobre o mar" aos discípulos que dentro de um barco, se viam amedrontados com a fúria das águas; Pedro pediu-lhe para fazer o mesmo, a que o Mestre mandou-o ir ao seu encontro. 

Deu alguns passos, vacilou e começou a afundar, sendo socorrido por Jesus, que lhe disse: "Homem de pouca fé! Por que duvidaste?". 

O fenômeno de levitação de um ser humano produz-se "sob ação das leis da Natureza", por efeito da mesma "força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio". 

Poderia também ter ocorrido a aparição tangível de Jesus, estando longe seu corpo real.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar as ressurreição de Lázaro pela ótica espírita?

Assim como também a ressurreição de Lázaro, os casos citados evidenciavam ter havido ataque de letargia ou síncope, pois, seria contrário às leis da Natureza o retorno ao corpo de um Espírito após rompido o laço perispirítico. 

Era costume na época sepultar-se logo em seguida alguém que deixasse de respirar, considerando-o morto. (Sabe-se que há casos de letargia que se prolongam por mais de oito dias). 

Houve então nos casos citados a cura produzida pelo Mestre e não ressurreição.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar a Transfiguração de Jesus pela ótica espírita?

Jesus proporcionou a Pedro, Tiago e João a oportunidade inesquecível de observarem fenômeno em que se transfigurou totalmente, realçado de excepcional fulgor, em razão da extrema pureza de seu perispírito.

Fenômeno também inteiramente explicável dentro da ordem da Natureza, foi a aparição de Moisés e Elias.

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar a Jesus transformando a água em vinho pela ótica espírita?

Nas Bodas de Caná tal acontecimento é referido somente por S. João, não tendo causado impressão maior. 

Se realmente ocorreu, foi o único no gênero, pois, Jesus não era afeito a demonstrações materiais que aguçassem a curiosidade, próprias dos mágicos. 

Mais racional é se considerar tal fato como uma parábola destinada a levar ensinamentos aos presentes.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar Jesus acalmando a tempestade pela ótica espírita?

Enquanto atravessava um lago com seus discípulos, Jesus adormeceu. 

Diante de súbita tempestade que ameaçava virar o barco, acordaram-no assustados, ao que Jesus "falou, ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma", para espanto e admiração dos discípulos. 

Não é possível afirmar-se "se há ou não inteligências ocultas presidindo à ação dos elementos". Jesus, entretanto, dormia tranquilamente, demonstrando segurança advinda de que seu Espírito "via não haver perigo nenhum e que a tempestade ia amainar".


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar as tentações de Jesus pela ótica espírita?

O episódio da tentação de Jesus não corresponde a uma ocorrência física; deve ser entendida como uma parábola, a fim de mostrar aos homens sua falibilidade, devendo vigiar sua mente "contra as más inspirações a que, pela sua natureza fraca, é impelida a ceder", devendo ainda prevenir-se contra os perigos da ambição. 

Também inadmissível seria a tentação moral do Cristo, pois, "o Espírito do mal nada poderia sobre a essência do bem". Assim também as parábolas do filho pródigo e do bom samaritano mostram a misericórdia do Pai face o arrependimento do filho que, tendo sucumbido às tentações más, praticando a lei de amor, vale mais aos Seus Olhos do que os irmãos que o desprezaram.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como explicar a Multiplicação dos Pães pela ótica espírita?

Para as pessoas sérias essa narrativa é vista com sentido alegórico, "em que se compara o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo".

Pode-se também admitir que as pessoas presentes, ávidas de ouvir as palavras de Jesus, fascinadas "pela poderosa ação magnética que ele exercia sobre os que o cercavam", não tenham tido "necessidade material de comer". Sabia então Jesus que poucos pães bastariam, mostrando aos discípulos "que também eles podiam alimentar por meio da palavra".

Posteriormente, nas passagens denominadas "O fermento dos fariseus" e "O pão do céu", ficou confirmado o fato de que o Mestre não se referia a pães materiais, quando disse aos discípulos: "Ainda não compreendeis que não é do pão que eu vos falava..." afirmando que se trabalhasse principalmente para conseguir o "pão do céu", e dizendo: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê nunca terá sede".

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre os prodígios por ocasião da morte de Jesus?

Com relação às trevas que teriam ocorrido por ocasião da morte de Jesus, tal fato não foi notado, pois, não consta em citações de nenhum historiador; poderia ter havido obscurecimento do Sol causado pelas "manchas físicas que lhe acompanham o movimento de rotação", sem causar no entanto trevas. Pode também ter havido algumas aparições de Espíritos naquela ocasião, o que também seria um fenômeno natural.

"Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de Jesus sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares", que em outra ocasião não teriam notado.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre a aparição de Jesus após a sua morte?

Jesus apareceu após sua morte, em várias ocasiões, descritas com detalhes por todos os evangelistas, não se podendo duvidar de tais fatos que, sendo semelhantes a muitos fenômenos antigos e atuais, são explicáveis "pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito" o qual chega em certos casos a tornar-se tangível. 

As circunstâncias dos aparecimentos e desaparecimentos de Jesus, algumas vezes em recintos fechados, sua linguagem breve e sentenciosa, a sensação de surpresa e medo causada pela sua presença, tudo isto demonstra que "se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem".

Seu maior milagre foi "a revolução que seus ensinos produziram no mundo". Jesus era pobre, nascido no seio de um pequeno povo sem expressão política ou literária, pregou sua doutrina durante apenas três anos, tempo esse em que foi "desatendido e perseguido pelos seus concidadãos". 

Foi obrigado a fugir para não ser lapidado, traído por Judas, renegado por Pedro - seus apóstolos - supliciado como um criminoso; entretanto, mesmo sem nada escrever, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização". 


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Jesus agiria como médium nas curas que operava? Pode-se considerá-lo poderoso médium curador?

Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. 

Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. 

Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. 

Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus. 


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como teria sido o sonho de José pela ótica espírita?

José, diz o Evangelho, foi avisado por um anjo, que lhe apareceu em sonho e que lhe aconselhou fugisse para o Egito com o Menino. (S. Mateus, 2:19–23.)

Os avisos por meio de sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. 

Sem garantir a exatidão de todos os fatos narrados e sem os discutir, o fenômeno em si mesmo nada tem de anormal, sabendo-se, como se sabe, que, durante o sono, é quando o Espírito, desprendido dos laços da matéria, entra momentaneamente na vida espiritual, onde se encontra com os que lhe são conhecidos. 

É com frequência essa a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. 

São numerosos os casos de avisos em sonho, porém, não se deve inferir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tem uma significação tudo o que se vê em sonho. 

Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos. (Cap. XIV, nos 27 e 28.)


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como teria sido a entrada de Jesus em Jerusalém?

Quando eles se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, perto do Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: 

— Ide a essa aldeia que está à vossa frente e, lá chegando, encontrareis amarrada uma jumenta e junto dela o seu jumentinho; desamarrai-a e trazei-mos. 

— Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei que o Senhor precisa deles e logo deixará que os conduzais. 

— Ora, tudo isso se deu, a fim de que se cumprisse esta palavra do profeta: 

— Dizei à filha de Sião: Eis o teu rei, que vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta e com o jumentinho da que está sob o jugo. (Zacarias, 9:9–10.)


Os discípulos então foram e fizeram o que Jesus lhes ordenara. — E, tendo trazido a jumenta e o jumentinho, a cobriram com suas vestes e o fizeram montar. (S. Mateus, 21:1–7.)


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como são interpretadas as Curas de Jesus na ótica espírita?

As curas protagonizadas por Jesus tinham o objetivo de ensinar aos seguidores, os que tinham curiosidades e até os perseguidores que a quebra dos paradigmas em favor das Leis do Criador é a única forma que se conduzir a vida. As interpretações são, por vezes mais profundas do que nossa pequenina mente pode alcançar. 

"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como teria ocorrido a cura da mulher hemorroísa?

Na passagem em que uma mulher é curada de hemorragia, doença de que era vítima há muitos anos, após tocar nas vestes de Jesus, sem que houvesse deste um ato de vontade, como imposição das mãos ou magnetização, ocorreu "a irradiação fluídica normal para realizar a cura". 

O fluído terapêutico deve ser dirigido à matéria orgânica a fim de repará-la. Pode ocorrer pela vontade do curador ou ser "atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra, pela fé do doente". 

A fé a que Jesus se referia era a força atrativa desenvolvida pela doente que lhe permitiu a cura. A falta de fé "opõe à corrente fluídica uma força repulsiva" que lhe paralisa a ação. Por esta razão, pode acontecer que de dois doentes que tenham a mesma enfermidade, somente um venha a ser curado.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como teria acontecido na cura do paralítico de Cafarnaum?

No caso da cura do paralítico de Cafarnaum, em que o Mestre lhe disse: "Meu filho, tem confiança; teus pecados estão perdoados" entende-se que aquela doença representava expiação de males praticados em existências anteriores. 

Equivalia a Jesus dizer-lhe: "Pagaste tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa de tua enfermidade".


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

O que seria a cura do cego de Betsaida e do paralítico pela ótica espírita?

Procedeu Jesus a duas aplicações nos olhos do cego, que gradualmente recuperou a visão, evidenciando-se o efeito magnético, com recuperação "gradual e consequente a uma ação prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização ordinária".


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre a cura dos dez leprosos?

Quando Jesus curou dez leprosos próximo a Galileia e somente um deles, um samaritano, retornou para agradecer a Deus a graça recebida, deu uma lição e um exemplo de tolerância, pois curou indistintamente judeus como também samaritanos que eram desprezados pelos primeiros. 

O samaritano demonstrou sua fé e reconhecimento vindos do âmago do coração, enquanto que os demais demonstraram ingratidão e a dureza de seus corações, sendo de se supor que não tenham se beneficiado da graça concedida, retornando-lhes os seus males.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

O episódio de que Jesus efetuou uma cura no dia do sábado?

A cura da Mão seca. Os fariseus observavam se Jesus curaria um doente em dia de sábado, a fim de o acusarem. 

Ordenando ao doente que se dirigisse ao centro do templo, perguntou aos fariseus se era permitido naquele dia "fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou tirá-la", ao que não lhe responderam. 

Sentindo a dureza de seus corações, encarou-os, disse ao homem para estender a mão, e curou-o.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre a mulher curvada e sua cura no dia de sábado?

Ficaram também confusos os adversários de Jesus quando, ao ensinar em um sábado numa sinagoga, curou uma mulher possuída há dezoito anos por um Espírito que lhe deixava totalmente curvada. 

Tendo ficado indignado o chefe da Sinagoga, inquiriu-lhe Jesus quem deixaria de aliviar a carga de seu boi ou jumento, dando-lhe de beber, somente por se tratar de um dia de sábado, e por que então não poderia libertar aquela doente da influência daquele Espírito.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre a cura do paralítico da piscina, ou tanque de Betesda, ocorrida num sábado?

Em Jerusalém havia uma piscina ou tanque chamada Betesda, alimentada por uma fonte natural intermitente com propriedades curativas. 

Acreditava-se que, a agitação das águas era produzida por um anjo do Senhor, e quem primeiro tivesse nelas entrado seria curado de qualquer doença. 

Encontrou Jesus, próximo à piscina, um homem paralítico há 38 anos, e perguntou-lhe se desejava curar-se; disse-lhe: "Levanta-te, toma o teu leito e vai-te". 

Mais uma vez protestaram os fariseus porque era sábado. Reencontrando o homem que curara, acrescentou Jesus: "Vês que foste curado; não tornes a pecar, para que te não aconteça coisa pior". 

Aos fariseus disse que Deus não cessa em nenhum momento suas obras pelo que também ele obrava incessantemente. 

Jesus deu a entender ao homem que sua doença era uma punição por seus erros, avisando-lhe que poderiam retornar seus males caso não se modificasse.

Procedia a curas nos sábados a fim de protestar contra o fanatismo dos fariseus e mostra-lhes que a verdadeira virtude está nos sentimentos e não nas práticas exteriores.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Sobre o cego de nascença no tanque de Siloé?

Mais uma vez num sábado encontrou Jesus um cego de nascença e, fazendo um pouco de lama com saliva e terra, untou-lhe os olhos e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé, após o que o homem passou a enxergar claramente. 

Levaram-no aos fariseus que, após interrogá-lo e a seus pais, o expulsaram da sinagoga, por não ter admitido ter sido "um possesso do demônio aquele que o curara e porque rende graças a Deus pela sua cura". 

Mesmo nos dias atuais as curas efetuadas pelo Espiritismo são tidas como diabólicas pelas religiões tradicionais. Haviam os discípulos perguntado a Jesus se aquele homem nascera cego por algum pecado seu ou de seus pais, referindo-se evidentemente a uma vida anterior. 

A resposta negativa indica que se tratava de uma "provação apropriada ao progresso daquele Espírito". A lama empregada serviu de veículo ao fluído espiritual que produziu a cura.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como se explica, então, as numerosas curas operadas por Jesus?

Pregando nas sinagogas, Jesus procedia a curas no meio do povo, provando que "o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem". Aliviava os sofrimentos dos homens e, por isso, fazia numerosos prosélitos. 

Quando João Batista mandou perguntar-lhe se era o Cristo, respondeu: "Ide dizer a João: os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres".

Assim também o Espiritismo cura, além dos males físicos, as doenças morais, fazendo adeptos entre aqueles que "recebem a consolação para suas almas" e não entre aqueles que pretendem apenas observar fenômenos extraordinários, não lhe reconhecendo a força moral.


"do livro: A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XV"

Como Jesus lidava com as possessões?

Juntamente com as curas, as libertações de possessos figuram entre os mais numerosos atos de Jesus. Sua superioridade era tal que à sua ordem não podiam os Espíritos resistir e se afastavam efetivamente de suas vítimas. 

Eram muitos os casos de possessões na Judéia àquele tempo, evidenciando-se uma invasão de Espíritos maus em caráter de epidemia. Os fariseus diziam que era com auxilio de Belzebu, príncipe dos demônios, que Jesus expulsava os maus Espíritos, ao que o Mestre mostrou a insensatez que seria se Satanás expulsasse a si mesmo.

O que é o Perispírito e qual a sua função?

Perispírito - per = em redor, espiritus = espírito. Ao redor do espírito. - é o laço que prende a matéria do corpo ao Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal. 

Contém ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poderia se dizer que é a quintessência da matéria. 

(O Livro dos Espíritos - item 257 - Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos)

Invólucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo. O Espírito o tira do mundo em que se acha e o troca ao passar de um a outro; ele é mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada globo. 

O perispírito pode tomar todas as formas à vontade do Espírito; ordinariamente ele assume a imagem que este tinha em sua última existência corporal.

Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista. É o que se dá nas aparições. 

Ela pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas (método em amplo desenvolvimento que utiliza amostras sistemáticas, uniformes e aleatória para fornecer um dado quantitativo sem viés - linha ou segmento diagonal) ou palpáveis.

A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida; mas que poderia se supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; ao passo que a segunda persiste e segue o Espírito. 

O Espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o perispírito, conservaria o tipo a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito modificar esta forma à sua vontade, torná-la visível, palpável ou impalpável.

O perispírito é, para o Espírito, o que o perisperma é para o germe do fruto. A amêndoa, despojada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o invólucro delicado do perisperma. 


Instruções Práticas Sobre as manifestações Físicas - Vocabulário Espírita, Allan Kardec

A natureza do perispírito se modifica? E sua natureza íntima?

Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista. É o que se dá nas aparições. 

Ela pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas (método em amplo desenvolvimento que utiliza amostras sistemáticas, uniformes e aleatória para fornecer um dado quantitativo sem viés - linha ou segmento diagonal) ou palpáveis.

A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida; mas que poderia se supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; ao passo que a segunda persiste e segue o Espírito. 

O Espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o perispírito, conservaria o tipo a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito modificar esta forma à sua vontade, torná-la visível, palpável ou impalpável. 


O Livro dos Espíritos, questões: 150, 150a, 150b e 284

Qual a função do perispírito?

O perispírito é o organismo que personaliza e individualiza o Espírito e o identifica quanto à aparência. A alma após a morte jamais perde sua individualidade...

Ela comprova essa individualidade, apesar de não mais possuir o corpo material, através de um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito. 

Através dele que um ser abstrato como é o Espírito (alma), se torna um ser concreto, definido e apreensível pelo pensamento. 

O Livro dos Espíritos, questões: 150, 150a, 150b e 284

Como Allan Kardec conseguiu convencer pela sua tese?

Allan Kardec era conhecido como "O solitário da Rua dos Mártires"

“Graças à sua visão genial, o solitário da Rua dos Mártires, Kardec conseguiu despertar os maiores cientistas do tempo para a realidade dos fenômenos espíritas, hoje estrategicamente chamados paranormais.” (Ciência Espírita, J. Herculano Pires)

Solitário diante da ideia que defendia, mas amparado por uma plêiade de Espíritos Bem-Aventurados e ancorado em fé inquebrantável, Allan Kardec verga as mentes mais brilhantes do seu tempo, afirmando que os mortos estão vivos e inaugura assim a ciência espírita, que vem revelar ao mundo, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, bem como suas relações com o mundo corpóreo. 

Na Rua dos Mártires nº 8, segundo andar, fundo do pátio, residência particular de Allan Kardec em Paris, e onde ocorriam as reuniões por durante seis meses, antes da fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 01.04.1858.

Referências: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo. EME. 1996;

PIRES, J. Herculano. Ciência espírita. São Paulo. USE. 1995.

Cremação, doação de órgãos e Transplantes segundo o espiritismo

Uma vez ocorrida a morte, que destino dar ao corpo que já não pode entreter a vida? 

Enterrá-lo ou cremá-lo, são as alternativas mais comuns. Hoje está em evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mais comumente nos cursos de Medicina.

Remontando aos fatos históricos, percebemos diversas formas de tratar os mortos. Diz-se que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de batalha, para espanto dos povos com que travavam confrontos, visto que só se importavam com a alma. O costume no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no processo também chamado de inumação (do latim in- em e húmus – terra, chão). Trata-se, na verdade, de um hábito muito antigo que remonta à pré-história, há cerca de 30.000 anos, quando criou-se todo um ritual de sepultamento, o que demonstra que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida de além-túmulo.

A cremação é um costume antigo do homem. Segundo estudos arqueológicos, foi no Período Neolítico (a Idade da Pedra Polida), por volta 12.000 a 4.000 a.C, que o homem começou a incinerar os corpos de seus mortos, em uma ou outra comunidade. Na Idade dos Metais (de 6,5 mil anos a 5,5 mil anos atrás), passou-se à disseminação mais ampla desse costume.

Hábito mais comum em povos do Oriente, principalmente na Índia e no Japão, no Ocidente, porém, a cremação é adotada mais como uma opção, por falta de espaço nos cemitérios ou pela crescente conscientização ecológica.

Segundo o posicionamento da doutrina espírita, a cremação nada tem de prejudicial ao Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os trâmites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24h a 72 horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo biológico, tem início, como revelam os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do suspiro final e se faz gradualmente. Nunca é uma separação brusca, pois acontece como na ocasião da união do Espírito ao corpo, no momento da encarnação, se operando célula a célula.

O que pesa na escolha da cremação é levar o apego do indivíduo à matéria, sua formação cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte. Na verdade, o corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e qualquer reflexo que esse sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. Contudo, essa ligação é apenas mental.

Se o indivíduo valoriza mais a vida material que a espiritual, mesmo que for enterrado, muitas vezes, se acreditará ainda encarnado, experimentando as sensações do esgotamento das forças vitais. Assim, torna-se fundamental a preparação para a morte, como faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço de autorenovação, assim como a prática desinteressada do bem. Além disso, o decidido desapego, ainda em vida, das ligações materiais, será essencial para a opção da cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.

Os relatos a respeito dos transplantes também são antigos, apesar de serem creditados a lendas e tradições sem registro científico. 

Na Bíblia (Gênesis, 2:21-22) Adão aparece como o primeiro doador. Outro relato conhecido é o dos irmãos gêmeos Cosme e Damião. Conta-se que, por volta de 300 d.C., transplantaram a perna de um soldado negro recém morto em um idoso branco que havia perdido a perna no mesmo dia. Passaram à história como mártires e posteriormente foram considerados santos pela Igreja – por nada cobrarem de seus pacientes, além de combaterem os deuses pagãos, foram perseguidos, julgados e executados pelo imperador romano Diocleciano.

Na atual legislação brasileira é a Lei n°9.434, de 04.02.97, que dispõe sobre a doação de órgãos e transplantes. Essa lei foi posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, que determinava que a manifestação do desejo de doação constasse na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação. Tal modificação perdeu sua validade em 22.12.2000 – portanto, hoje, a doação pós morte só pode ser realizada com a autorização familiar.

Os transplantes começaram a ganhar importância, nos tempos atuais, com o primeiro transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na Cidade do Cabo (África do Sul), em dezembro de 1967, surgindo daí a discussão dos aspectos científico, ético e moral que envolvem a questão. Enfrentou-se, em primeiro lugar, o problema da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado. A ciência desde então desenvolveu novas técnicas e drogas antirrejeição, bem sucedidas na maioria dos casos.

Hoje, porém, as preocupações da sociedade concentram-se mais nos aspectos éticos da questão, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte. Do ponto de vista científico, é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade, levando o indivíduo em pouco tempo à falência múltipla dos órgãos. Nesse caso, não há qualquer esperança de retomo à vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico é remotíssima, em face do progresso da ciência médica, que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.

A Doutrina Espírita define a causa da morte como “a exaustão dos órgãos” (L.E, questão 68). E a morte, propriamente dita, bem definida por Allan Kardec, “é apenas a destruição do corpo” (L.E, questão 155-a). Contudo, enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado, são sempre louváveis a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro. Aliás, a doação só traz benefícios ao doador, pela alegria e gratidão do receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida e pelo fim de seus sofrimentos orgânicos. Trata-se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo, acima de tudo. Kardec lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de rebaixá-Lo; elas não destroem senão o que os homens construíram sobre as falsas ideias que eles fizeram de Deus“. (A Gênese, Cap. l, Item 55).

A ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra e os transplantes de órgãos são um exemplo disso. Ademais, sabemos que nada é obra do acaso; em tudo temos as Leis Naturais que regulam o funcionamento do Universo. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.

Vida dos Animais na Dimensão Espiritual.

Agrupamento: Os animais são agrupados no mundo espiritual por afinidade senão um cão e um gato teriam problemas pois eles mal distinguem a mudança da dimensão. 

Se tivéssemos uma boa vidência notaríamos a presença de animais a nossa volta. Eles transitam facilmente entre uma dimensão e outra.

A medida que o ser passa a ter raciocínio individualizado, o tamanho deste corpo diminui na mesma escala. Ganhando peso somente nas fases humanizadas. E em caso de óbito, o animal torna-se inconsciente antes que note sua morte passando para a dimensão espiritual, sem traumas.

Doenças: A resistência dos animais cai proporcionalmente à quantidade de energia pesadas e perturbadoras que são absorvidas por ele, por estarem em grande concentração no ambiente.

Somente uma alteração energética é capaz de obstruir a energia vital, que deixa de circular pelo corpo do enfermo, diminuindo a atividade dos glóbulos brancos que tornam-se ineficientes em defender o corpo por estarem intoxicados.

Ao sinal de debilidade física e emocional os espíritos que vivem na escuridão aproximam-se para sugar a energia vital contaminadas por estas formas mais densas de energia.

Os animas que vivem na companhia do humano, adoecem em função da suas energias, pensamentos e atitudes. Absorvem grande parte da energia do ambiente. De modo geral fazem voluntariamente em seu favor.

Quando reencarnam em determinado lar, já sabem o que vão enfrentar do ponto de vista energético. A presença deles purifica o ambiente, mas os torna sensíveis e facilmente adoecem, livrando seus donos de perder a saúde de modo heroico. Seu dono sensibilizado com sua doença fica mais leve e melhora seu padrão de pensamento. Desta forma a saúde do animal pode retornar.

ANIMAIS E AS CURAS TERAPÊUTICAS

A terapia feita com animais auxilia pacientes com disfunções congênitas , neurológicas ao contato com a energia amorosa do animal.

Preenchendo os espaços vazios dos campos energéticos do paciente. Ajudando-o a desejar manter-se encarnado na dimensão física.

Os cavalos , cães distribuem suas energias que são renovadas imediatamente retirada diretamente do Universo. Estes animais são evoluídos e participam voluntariamente para ajudar o Ser humano.

EVOLUÇÃO ANIMAL

O animal não possui livre arbítrio, então não evolui por sua vontade e sim pela organização Espiritual.

Os animais não agem só por instinto, são dotados de inteligência entretanto limitada.

Os rouxinóis e as andorinhas jamais construíram seus ninhos de maneira diferente dos seus ancestrais. Um ninho de pardais de antes do dilúvio, como um ninho de pardais de hoje é sempre o mesmo, feito nas mesmas condições e pelo mesmo sistema de entrelaçamento de capins e pauzinhos.

RESGATE E TRATAMENTO

Como ocorrem os tratamentos nos hospitais:

Os animais encontram-se em câmeras cilíndricas do tamanho do animal, sobre eles cai uma substancia vaporosa e liquida ligadas com o cilindro por um tubo transparente que induz ao sono e funções terapêuticas mudando com frequências de cores. De tempo em tempo a luz escaneia o animal dando seu estado de saúde.

Outra finalidade do tratamento é apagar da memória deles, as cenas de sofrimento, sem retirar as sensações que servirão de alerta numa próxima reencarnação.

Com todo o tratamento em segundos as lesões desaparecem a medida que se desprendem das lembranças.

REEENCARNAÇÃO

Organismos como insetos podem levar horas entre desencarne e reencarne.

Cães, gatos de 3 a 4 dias

Baleias, cavalos por serem de porte maior podem levar meses para o tempo de miniaturização.

Para passarem de uma espécie a outro passam por uma fase intermediária como seres espirituais da floresta, zelando pelos animais. Saindo-se bem poderão retornar em uma espécie mais evoluída. Chegando cada vez mais próximo do convívio com o homem até chegar a um ser humano primitivo como um macaco e depois um homo sapiens.

ANIMAIS E A MEDIUNIDADE

Vidência - Os animais são naturalmente videntes e veem espíritos sem distinguir em que dimensão eles estão, pois transitam com facilidade as diversas dimensões.

Porém não tem mediunidade, pois para tal condição tem que ter consciência.

O QUE DIZ A CODIFICAÇÃO

- Livro dos Médiuns - Cap. XXII – Da Mediunidade nos animais, questão 236

”(...) que é um Médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja”.

(...) os semelhantes agem através de seus semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não?

HABITAÇÕES DO PLANETA JÚPITER

REVISTA ESPIRITA DE 1858, agosto:

Em Júpiter os animais fazem o serviço domésticos e outros trabalhos para os homens. Eles se posicionam como os humanos em pé, porém ligeiramente peludos, as patas desapareceram em alguns para dar lugar a certas pernas que lembram ainda a forma primitiva, braços robustos, ligados por verdadeiras mãos. A cabeça não é tão aperfeiçoada quanto a resto. O crânio, orelhas, maxilar parecem com os animais terrestres. Facilmente distinguindo este é um cão, um leão. Vestem-se com roupas semelhantes as humanas.

A possibilidade de convivência com o humano mais evoluído prepara-o a fase humana.

Já que no espiritismo não há imposição de ideias, como propagar o ideal espírita?

No livro Cartas e crônicas, de Francisco Cândido Xavier, psicografia do espírito Humberto de Campos, que usara o pseudônimo de Irmão X, por causa de questões judiciais com sua família, na época, temos, no capítulo 12, uma história que trata do assunto com muita clareza:

Espiritismo e divulgação

O excelente advogado Joaquim Mota, espírita de convicção desde a primeira mocidade, possuía ideias muito próprias acerca de pensamento religioso. Extremamente sensível, julgava um erro expor qualquer definição pessoal, em matéria de fé. “Religião — costumava dizer — é assunto exclusivo de consciência.” E fechava-se.

Na biblioteca franqueada aos amigos, descansavam tomos em percalina e dourados, reunindo escritores clássicos e modernos, em ciência e literatura. Conservava, porém, os livros espíritas isolados em velha cômoda do espaçoso quarto de dormir.

Não agia assim, contudo, por maldade. Era, na essência, um homem sincero e respeitável, conquanto espírita à moda dele, sem a menor preocupação de militança. Espécie de ilha amena, cercada pelas correntes do comodismo.

Encasquetara na cabeça o ponto de vista de que ninguém devia, a título algum, falar a outrem de princípios religiosos que abraçasse, e prosseguiu, vida afora, repelindo qualquer palpite que o induzisse à renovação.

Era justamente a esse homem que fôramos confortar, dentro da noite.

Mota vinha de perder a companhia de Licínio Fonseca, recentemente desencarnado, o amigo que lhe partilhara vinte e seis anos de serviço no foro. Ambos amadurecidos na existência e na profissão, após os sessenta de idade, eram associados invariáveis de trabalho e de luta. Juntos sempre nos atos jurídicos, negócios, interesses, férias e excursões.

Sem o colega ideal, baqueara Mota em terrível angústia. Trancava-se em lágrimas, no aposento íntimo, ansiando vê-lo em espírito… E tanto rogou a concessão, em preces ocultas, que ali nos achávamos, em comissão de quatro cooperadores, com instruções para levá-lo ao companheiro.

Desligado cautelosamente do corpo, que se acomodara sob a influência do sono, embora não nos percebesse o apoio direto, foi Joaquim transportado à presença do amigo que a morte arrebatara.

No leito de recuperação do grande instituto beneficente a que fora recolhido, no Mundo Espiritual, Licínio chorou de alegria ao revê-lo, e nós, enternecidos, seguimos, frase a frase, o diálogo empolgante que se articulou, após o júbilo extrovertido das saudações.

— Mota, meu caro Mota — soluçou o desencarnado, com impressionante inflexão —, a morte é apenas mudança… Cuidado, meu amigo! Muito cuidado!… Quanto tempo perdi, em razão de minha ignorância espiritual!!… Saiba você, Mota, saiba você que a vida continua!…

— Mas eu sei disso, meu amigo — ajuntou o visitante, no intuito de consolá-lo —, desde muito cedo entrei no conhecimento da imortalidade da alma. O sepulcro nada mais é que a passagem de um Plano para outro…Ninguém morre, ninguém…

— Ah! você sabe então que o homem na Terra é um Espírito habitando provisoriamente um engenho constituído de carne? que somos no mundo inquilinos do corpo? — indagou Licínio, positivamente aterrado.

— Sei, sim…

— E você já foi informado de que quando nascemos, entre os homens, conduzimos ao berço as dívidas do passado, com determinadas obrigações a cumprir?

— De modo perfeito. Muito jovem ainda, aceitei o ensinamento e a lógica da reencarnação…

— Mota!… Mota!… — gritou o outro visivelmente alterado — você já consegue admitir que nossas esposas e filhos, parentes e amigos, quase sempre são pessoas que conviveram conosco em outras existências terrestres? que estamos enleados a eles, frequentemente, para o resgate de antigos débitos?

— Sim, sim, meu caro, não apenas creio…Sei que tudo isso é a verdade inconteste…

— E você crê nas ligações entre os que voltam para cá e os que ficam? Você já percebe que uma pessoa na Terra vive e respira com criaturas encarnadas e desencarnadas? que podem existir processos de obsessão, entre os chamados vivos e mortos, raiando na loucura e no crime?!…

— Claramente, sei disso…

O interlocutor agarrou-lhe a destra e continuou, espantado:

— Mota! Mota! Ouça!… Você está certo de que a vida aqui é a continuação do que deixamos e fazemos? já se convenceu de que todos os recursos do Plano físico são empréstimos do Senhor, para que venhamos a fazer todo o bem possível e que ninguém, depois da morte, consegue fugir de si mesmo?…

— Sim, sim…

Nesse instante, porém, Licínio desvairou-se. Passeou pelo recinto o olhar repentinamente esgazeado, fez instintivo movimento de recuo e bradou:

— Fora daqui, embusteiro, fora daqui!…

O visitante, dolorosamente surpreendido, tentou apaziguá-lo:

— Licínio, meu amigo, que vem a ser isso? Acalme-se, acalme-se… — Sou eu, Joaquim Mota, seu companheiro do dia a dia…

— Nunca! Embusteiro, mistificador!… Se ele conhecesse as realidades que você confirma, jamais me teria deixado no suplício da ignorância… Meu amigo Joaquim Mota é como eu, enganado nas sombras do mundo… Ele foi sempre o meu melhor irmão!… Nunca, nunca permitiria que eu chegasse aqui, mergulhado em trevas!…

Mota, em pranto, intentava redarguir, mas interferimos, a fim de sustar o desequilíbrio e, para isso, era preciso afastá-lo de imediato.

Mais alguns minutos e o advogado reapossou-se do corpo físico. Nada de insegurança que o impelisse à ideia de sonho ou pesadelo. Guardava a certeza absoluta do reencontro espiritual. Estremunhado, ergueu-se em lágrimas e, sequioso de ar puro que lhe refrigerasse o cérebro em fogo, abriu uma das janelas do alto apartamento que lhe configurava o ninho doméstico.

Mota contemplou o casario compacto, onde, talvez, naquela hora, dezenas de pessoas estivessem partindo da experiência passageira do mundo para as experiências superiores da Vida Maior e, naquele mesmo instante da madrugada, começou a pensar, de modo diferente, em torno do Espiritismo e da sua divulgação.

Irmão X (Humberto de Campos)

O que define a doutrina sobre o egoísmo?

A doutrina espírita nos ensina também que o egoísmo é o oposto da caridade, já que um ser egoísta jamais será caridoso, ou seja, jamais irá pensar no próximo. Por isso, enquanto o egoísmo prevalecer haverá cada vez menos conquistas.

O EGOÍSMO (por Emmanuel)

11. O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral é um entrave. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem.

Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.

Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.

É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão. 

Cabem-vos a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. 

Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente o expilais dos vossos corações. 

– Emmanuel. (Paris, 1861.)

Aonde ficam guardadas as lembranças e memórias da existência?

As memórias e lembranças estão sempre gravadas nas dobras do perispírito, aonde há a interseção com o espírito. 

E sendo o ser de natureza dual, essencialmente formado por um princípio material e um princípio espiritual, unidos por uma substância ainda de natureza material, que é o perispírito, essa substância forma um segundo corpo, que reveste o espírito, dando-lhe uma forma e permitindo inclusive que, ao desencarnar, ele possa continuar a interagir sem grandes mudanças com relação ao ambiente a que estava habituado a agir quando encarnado.

É importante que se lembre que aquilo que o ser é não está 'gravado' no perispírito. Todas as vontades, lembranças, desejos, aspirações, medos, paixões, impressões, ressentimentos, amores e memórias encontram-se intimamente registrados no espírito ou elemento espiritual.

O espírito e o perispírito de um desencarnado são unidos por uma região comum onde ocorrem mútuas influências. O espírito contém em si mesmo as memórias, as paixões e a personalidade integral do ser. O perispírito possui forma, geometria e cor, estando sujeito à influência externa do ambiente que lhe é próprio e que se modifica conforme suas impressões. Conforme o espírito evolui, ele opera modificações nesse ambiente de acordo com o que sente e pensa, provocando consequentemente alterações no perispírito, sem perder aquilo que aprendeu e conquistou ao longo do tempo.

A mudança do perispírito não fará com que o espírito mude. Ao contrário, é o espírito o agente de mudança no perispírito. Se assim não fosse, bastaria modificar o ambiente ao seu redor para que ele melhorasse ou piorasse, o que estaria em desacordo com o princípio do livre-arbítrio, sobrepondo-se às escolhas do Espírito. O perispírito, portanto, 'reflete' seu ambiente externo e é 'modulado' pela mente (espírito) que o corporifica. 

Fonte: A gênese, Allan Kardec, caps. 13 e 14, FEB.

E se as memórias estão nas dobras do perispírito, e em algum momento está havendo um desdobramento, elas afloram. Por isso os transtornos psicológicos, os surtos e as determinadas doenças, principalmente as do coração, a criatura, invigilante, não está atenta a essas emoções, a essas energias psíquicas, que afloram nesse determinado período. Por isso a necessidade que temos de usar a meditação, fazendo um trabalho de reconhecimento e de aceitação de quem somos e quem podemos ser. 

Qual a visão Espírita da Páscoa?

Eis-nos, uma vez mais, às vésperas de mais uma Páscoa. Nosso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica.

Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita.

Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante.

Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época.

Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas.

É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno. Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa.

— Isto porque as vinculações religiosas apontam para: a quinta-feira, a sexta-feira santa, o sábado de aleluia, e o domingo de páscoa.

Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus, tão bem retratado neste último filme hollyodiano (A Paixão de Cristo, segundo Mel Gibson), e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus.

No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico.

As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separará justos e ímpios.

A lógica e o bom senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem.

Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa?

Antes vamos usar a lógica e a fé raciocinada: Se Jesus tivesse ressuscitado Ele não precisaria abrir lápide, isso significa que alguém tirou seu corpo para sepultá-lo. A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades.

Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida:

“— Para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos).

Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”.

E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos.

A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”:

Dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra.

Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe.

Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniquidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante.

Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe.

— Longe da remissão da celebração de uma:

Da ressurreição de Jesus, da festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido. Possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.

Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”.

Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.

Marcelo Henrique Pereira, Mestre em Ciência Jurídica, Presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Santa Catarina e Delegado da Confederação Espírita Pan-Americana para a Grande Florianópolis (SC), retirado de forumespírita.net

“Luz, Amor e Paz a todos”

Chico Xavier faz um relato inédito sobre a glândula pineal em uma de suas obras, como foi isso?

Outra informação bastante relevante dada em outra obra literária é sobre a glândula pineal. 

Em 1945, no livro Missionários da Luz, André Luiz revelou que a epífise ou glândula pineal, era uma estrutura localizada no centro do cérebro, e seria responsável pela produção de melatonina. 

Tal fato só foi confirmado pela ciência mais de uma década depois.

Como se deu o nome de André Luiz ao espírito que teria dado informações de obras tão relevantes na doutrina espírita?

Outra informação bastante relevante dada em outra obra literária é sobre a glândula pineal. 

Em 1945, no livro Missionários da Luz, André Luiz revelou que a epífise ou glândula pineal, era uma estrutura localizada no centro do cérebro, e seria responsável pela produção de melatonina. 

Tal fato só foi confirmado pela ciência mais de uma década depois.

Quem foi André Luiz na Terra?

A versão mais aceita é que André Luiz teria sido o médico Carlos Chagas, que faleceu em 1934. 

Essa versão é confirmada pelo médium e médico Waldo Vieira, que também possuiu obras psicografadas atribuídas a André Luiz, três delas psicografadas em parceria com Chico Xavier.

A hipótese de que André seria Carlos Chagas é sustentada, inclusive, por Waldo Vieira, o principal parceiro de psicografia de Chico, que também atribuiu a autoria de livros a André Luiz. 

Então o espírito André Luiz conversava com dois médiuns, simultaneamante?

Os médiuns alegavam que o espírito conversava com a dupla ao mesmo tempo. A prova disso foi que, para psicografar a intrigante obra Evolução em Dois Mundos, romance clássico do espiritismo que descreve a alma humana em termos médicos, Chico e Waldo estavam em cidades diferentes, mas ambos diziam receber informações de André Luiz.

A dupla decidiu, então, dividir o trabalho: Waldo psicografava os capítulos ímpares de Uberaba, onde estudava medicina e odontologia, e Chico escrevia os pares direto de Pedro Leopoldo, a mais de 500 quilômetros de distância.

Por que o espírito André Luiz não poderia dar seu verdadeiro nome?

Manter o anonimato do espírito preservaria a pessoa e tinha motivação jurídica. 

A teoria é que Chico procurou se proteger de um processo, como aconteceu no caso de Humberto de Campos, quando a viúva do escritor requisitou os direitos autorais dos livros psicografados por Chico. 

Se o médium lançasse o livro atribuindo sua autoria a uma figura pública tão notória quanto Carlos Chagas ou Oswaldo Cruz (que seria outro nome cogitado) estaria abrindo a possibilidade de ser levado novamente aos tribunais caso as famílias julgassem que deveriam receber direitos autorais pelas obras supostamente escritas pelos parentes. 

Por que André Luiz, ao desencarnar, foi para o Umbral?

André Luiz passou mais de oito anos no Umbral. Vendo todos os seus feitos, a ida dele às zonas inferiores após o desencarne pode causar espanto. 

Mas a verdade é que André Luiz cometeu muitos erros em sua encarnação e foi considerado um suicida mesmo sem ter atentado diretamente contra a própria vida.

Para entender o motivo de André Luiz ter vivido no Umbral, precisamos explanar o que é o Umbral e as razões pelas quais os espíritos são encaminhados à região.

Vão para o Umbral também aqueles que cometeram delitos morais enquanto estavam encarnados. Isso não significa que as falhas tenham que ser graves, pelo menos não aos olhos da justiça dos homens.

O suicídio não é somente caracterizado pelo atentado fatal contra o corpo de maneira consciente. É também uma ação inconsciente, que ocorre por uma sucessão de maus hábitos. Os suicidas, seja por qualquer classificação, vão para o Umbral, em outros casos podem ficar em um lugar específico chamado Vale dos Suicidas.

Quais seriam as obras de André Luiz?

No total, são 33 livros assinados por André Luiz. Confira a lista completa:

Nosso Lar (1944)

Os Mensageiros (1944)

Missionários da Luz (1945)

Obreiros da Vida Eterna (1946)

No Mundo Maior (1947)

Libertação (1949)

Entre a Terra e o Céu (1954)

Nos Domínios da Mediunidade (1955)

Ação e Reação (1957)

Evolução em Dois Mundos (1959, com Waldo Vieira)

Mecanismos da Mediunidade (1960, com Waldo Vieira)

Sexo e Destino (1963, com Waldo Vieira)

E a Vida Continua… (1968)

Agenda Cristã (1948)

Conduta Espírita (1960, psicografado por Waldo Vieira)

Desobsessão (1964, com Waldo Vieira)

Vivendo a Doutrina Espírita – Vol. I (2015, por Antônio Baduy Filho)

Vivendo a Doutrina Espírita – Vol. II (2015, por Antônio Baduy Filho)

Vivendo a Doutrina Espírita – Vol. III (2015, por Antônio Baduy Filho)

Vivendo a Doutrina Espírita – Vol. IV (2015, por Antônio Baduy Filho)

Opinião Espírita (1963, ditado também por Emmanuel)

Sol nas Almas (1964, psicografado por Waldo Vieira)

Estude e Viva (1965, ditado também por Emmanuel)

Sinal Verde (1971)

Respostas da Vida (1974)

Busca e Acharás (1976, ditado também por Emmanuel)

Endereços da Paz (1982)

Cidade no Além (1983, em colaboração Heigorina Cunha, ditado também pelo espírito Lucius)

Apostilas da Vida (1986)

Ação e Caminho (1987, ditado também por Emmanuel)

A Verdade Responde (1990, ditado também por Emmanuel)

Tempo e Nós (1993, ditado também por Emmanuel)

Meditações Diárias (2009, coletânea de suas melhores mensagens).

Referência: https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Luiz_(esp%C3%ADrito).

Na coleção intitulada 'A Vida no Mundo Espiritual', André Luiz publicou quais obras?

São 13 livros publicados, sendo eles:

Nosso Lar (1944)

Os Mensageiros (1944)

Missionários da Luz (1945)

Obreiros da Vida Eterna (1946)

No Mundo Maior (1947)

Libertação (1949)

Entre a Terra e o Céu (1954)

Nos Domínios da Mediunidade (1955)

Ação e Reação (1957)

Evolução em Dois Mundos (1959, com Waldo Vieira)

Mecanismos da Mediunidade (1960, com Waldo Vieira)

Sexo e Destino (1963, com Waldo Vieira)

E a Vida Continua… (1968)


Como se deu o filme Nosso Lar, baseado no livro de mesmo nome?

Nosso Lar é um filme brasileiro de 2010, dos gêneros drama e espiritismo, escrito e dirigido por Wagner de Assis. 

O roteiro foi baseado no livro homônimo, lançada em 1944, psicografado pelo médium Chico Xavier, sob a influência do espírito André Luiz.

O filme é estrelado pelo ator Renato Prieto no papel do personagem principal, André Luiz, e conta ainda com alguns atores e atrizes renomados da teledramaturgia brasileira, como Othon Bastos, Ana Rosa e Paulo Goulart, dentre outros.

Lançado em 3 de setembro de 2010, o filme foi um sucesso de bilheteria, tendo alcançado um público de 1,6 milhão de espectadores nos cinemas em 10 dias de exibição, e, ao todo, foi visto por mais de 4 milhões de espectadores nos cinemas. 

Além da direção de Wagner de Assis, o longa-metragem conta com outros nomes no elenco, como Fernando Alves Pinto (Lísias), Werner Schünemann (Emmanuel) e Inez Viana (Narcisa).

Qual a visão espírita das bebidas alcoólicas?

A Doutrina Espírita não proíbe o consumo de álcool. Isto é, não há nenhum registro de texto ou regra da Espiritualidade que condene a ingestão de bebidas alcoólicas.

Até mesmo porque o Espiritismo defende o livre-arbítrio, que é a possibilidade que o indivíduo tem de agir conforme seus próprios desejos e decisões. Ainda assim, a Doutrina Espírita alerta para os perigos das bebidas alcóolicas.

Além de relembrar os danos que podem ser causados à saúde, como cirrose hepática, hepatite, lesões no pâncreas, dentre outras doenças, os Espíritos também avisam sobre a capacidade que o álcool tem de provocar males ao espírito na atual encarnação e nas próximas.

Alcoolismo: como a bebida pode afetar a vida?

Os estragos fisiológicos e psicológicos causados pelo álcool são bem conhecidos. De efeito imediato, ...toda substância alcoólica que ingerimos libera serotonina, deixando a pessoa mais alegre, desinibida e até corajosa.

Após algum tempo, a substância começa a deprimir o sistema nervoso central. Em altas doses, pode provocar intoxicação e, inclusive, levar à morte. Os efeitos do álcool também são extremamente nocivos quando o consumo é recorrente e se torna um vício. O alcoolismo gera deterioração psicológica e física. 

A doença ainda impacta as relações pessoais do indivíduo, a vida profissional e até o status socioeconômico. Ou seja, não poupa nenhum aspecto. Para o Espiritismo, o alcoolismo afeta também o corpo espiritual. Isso sem contar que pode abrir portas para a influência de espíritos obsessores. As bebidas alcoólicas são fabricadas e consumidas desde a pré-história.

Ao longo desses anos, elas têm sido associadas a práticas religiosas e festivas, sendo considerada por muitas pessoas um mecanismo de interação social. No entanto, como vimos neste artigo, o consumo de álcool e drogas representa um desvio moral. Além disso, ele é capaz de destruir a vida do indivíduo, sem contar o estrago que pode provocar no perispírito.

Quais as consequências espirituais do consumo de álcool, segundo o Espiritismo?

Além do entorpecimento psíquico, o álcool também libera toxinas que atingem o perispírito (laço que une o corpo físico ao espírito). 

Essas impurezas, por sua vez, podem atrapalhar as vibrações energéticas e ainda são capazes de dificultar o tratamento espiritual caso esse seja aplicado.

Os danos causados pelas bebidas alcoólicas ao corpo físico também se refletem no corpo espiritual. Aliás, o indivíduo que morre em razão do abuso do álcool é considerado um suicida indireto. A dependência prossegue até mesmo depois da morte, podendo se estender até às vidas futuras.

Nesses casos, o perispírito carrega as lesões e pode plasmar uma predisposição orgânica no novo corpo físico.

Afinal, o espírita pode fazer uso de bebidas alcoólicas?

Como vimos, o Espiritismo não impõe regras sobre o consumo de bebidas alcóolicas. Entretanto, ao saber das consequências espirituais, é bastante provável que o indivíduo queira manter-se afastado do álcool.

Quem é médium pode beber?

Vale para o médium o mesmo que se aplica ao indivíduo comum. 

Cabe ressaltar, no entanto, que a mediunidade representa uma conexão mais aberta e profunda com o mundo espiritual. 

Dessa forma, o consumo de bebidas alcoólicas pode facilitar a aproximação de espíritos inferiores. Como consequência, o médium pode ter maiores dificuldades de executar suas nobres funções.

Existe espírito que faz a pessoa beber?

Sim, existe, e esses espíritos, normalmente, foram viciados nas últimas existências. Há um tipo de influência mais complexa provocada pelos espíritos que se denomina vampirismo. Acontece quando o espírito se satisfaz por meio das emanações do encarnado, assim como um animal vampiro que se alimenta do sangue.

No caso do álcool, já que não pode ser encontrado no plano espiritual, o obsessor influencia o obsediado a consumir mais bebidas alcoólicas para que ele se satisfaça através das suas emanações fluídicas.

Beber pode atrair espíritos ruins?

As companhias espirituais que se juntam a nós são atraídas e cultivadas pelos nossos pensamentos e ações. 

Assim, se fazemos o bem e mantemos nossa mente alinhada ao amor, trazemos espíritos superiores conosco. 

Por outro lado, se plantamos o mal, são os espíritos ruins que se ligam a nós. Beber não significa necessariamente fazer o mal, mas a ação é um fator de decadência orgânica e moral. 

Afinal, o consumo de álcool não constitui uma necessidade básica. Além disso, quando ingerimos álcool, simpatizamos com espíritos que se comprazem com a bebida.

As companhias espirituais se juntam no caso das bebedeiras?

Uma vez que o álcool age sobre o corpo espiritual, é certo dizer que o alcoolismo pode ter relação com vidas passadas. Se o espírito abusou do álcool em uma de suas existências, tornando-se um viciado, é provável que carregue essas impressões mesmo após a morte. 

E, então, quando tiver uma nova oportunidade de retornar ao mundo físico, o espírito pode, sim, vir com uma predisposição orgânica ao alcoolismo. 

As companhias espirituais que se juntam a nós são atraídas e cultivadas pelos nossos pensamentos e ações. 

Assim, se fazemos o bem e mantemos nossa mente alinhada ao amor, trazemos espíritos superiores conosco. 

Por outro lado, se plantamos o mal, são os espíritos ruins que se ligam a nós. Beber não significa necessariamente fazer o mal, mas a ação é um fator de decadência orgânica e moral. 

Afinal, o consumo de álcool não constitui uma necessidade básica. Além disso, quando ingerimos álcool, simpatizamos com espíritos que se comprazem com a bebida.

Vidas passadas podem ter relação com o alcoolismo?

Uma vez que o álcool age sobre o corpo espiritual, é certo dizer que o alcoolismo pode ter relação com vidas passadas. 

Se o espírito abusou do álcool em uma de suas existências, tornando-se um viciado, é provável que carregue essas impressões mesmo após a morte. 

E, então, quando tiver uma nova oportunidade de retornar ao mundo físico, o espírito pode, sim, vir com uma predisposição orgânica ao alcoolismo. 

Álcool e Espiritismo: a luta para sair do vício

Todo vício requer uma dura batalha para que seja vencido. No caso do alcoolismo, o indivíduo precisa trabalhar diversos aspectos psicológicos, além de lidar com questões físicas, como os efeitos da abstinência no corpo.

Ainda assim, é possível vencer a luta.

Evidentemente, a ajuda de profissionais especializados e de uma rede de apoio é sempre bem-vinda, mas nada acontece sem a força interna, conforme explicam os Espíritos em O Livro dos Espíritos:

(Perg. 909) Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

Resposta: “Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

5 dicas para se livrar do vício da bebida ou das drogas

Junto com a força de vontade, alguns hábitos e tratamentos espirituais podem contribuir na luta contra o vício. 

1. Prece espírita para dependente químico

A prece é uma projeção de pensamentos e expressões de sentimentos que alcançam Deus. Ela tem o potencial de elevar as vibrações e atrair os bons espíritos. Assim, fazer uma prece espírita solicitando ajuda no tratamento pode ajudar.

2. Água fluidificada

A água fluidificada é um recurso terapêutico em que os fluidos são acrescidos na água e a bebida adquire uma propriedade medicamentosa. Essa transfusão de energias pode ser feita por um médium magnetizador ou pela própria força dos espíritos. Basta ir até um centro espírita ou, então, deixar a bebida perto da cama e, antes de dormir, rogar aos bons espíritos que derramem os medicamentos necessários.

3. Leituras edificantes

Elevar o padrão vibratório é essencial para combater as forças do mal e manter-se firme no propósito. Entre os hábitos que ajudam a aumentar a vibração está a leitura. Procure ler obras da literatura espírita ou livros de autoajuda.

4. Meditação

A meditação é mais uma das técnicas que contribuem para elevar a faixa vibracional, além do que é excelente para organizar os pensamentos e reduzir a ansiedade. Tente praticá-la frequentemente e, principalmente, nos momentos em que as emoções parecem tomar conta das ações.

5. Reforma íntima

O começo de toda a mudança parte do autoconhecimento. Antes de tudo, é preciso olhar para si mesmo e identificar pontos que precisam ser corrigidos. Dedique-se à reforma íntima e procure reparar maus hábitos adotados, pensando sempre na prática do bem.

O que dizer das drogas na visão espírita?

Assim como o álcool, as drogas afetam o perispírito. Ele sofre todas as repercussões do uso e abuso das substâncias.

O excesso de álcool e outras drogas atribui uma forma grosseira ao corpo espiritual, condenando-o à dor, sobretudo futura, para que seja expurgada. Os dependentes químicos ainda aproximam espíritos menos evoluídos, perturbadores e desencarnados que podem influenciar ainda mais o consumo.

Mensagem espírita sobre vícios

Para quem está enfrentando o vício, essa mensagem do espírito André Luiz pode inspirar e fortalecer a fé na luta contra o problema:

“A sua luta é consigo mesmo e não com mais alguém, é a si mesmo que você precisa vencer, ou seja, vencer seus defeitos, seus vícios, seus desejos, seus pensamentos. O único mal a temer é aquele que ainda existe em nós!”

Como se deu a história do Espiritismo no Brasil?

A história remonta ao ano 1840 com os médicos Benoit Jules Mure, natural de França, e João Vicente Martins, de Portugal, que chegaram ao país naquela época, eles ofereciam tratamento homeopático e magnetismo. 

O interesse pelo este último tema fez que pessoas se interessaram pelo estudo do fenômeno tão novedoso, entre os adeptos podemos encontrar: 

José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência, e Mariano José Pereira da Fonseca (Marquês de Maricá), que, em 1844, publicou uma obra com ensinamentos de fundo espiritualista.

Da mesma forma que aconteceria na Europa, no Brasil no então distrito de Mata de São João, Província da Bahia em 1845, teriam sido registradas as primeiras manifestações espíritas.

Personalidades como Rui Barbosa e Luís Olímpio Teles de Menezes participavam destes fenômenos. Foi neste grupo que Teles de Menezes travou contato com os estranhos fenômenos, vindo a corresponder-se com espíritas franceses.

Espiritismo, umbanda e candomblé é tudo a mesma coisa?

O espiritismo não é a mesma coisa que umbanda e candomblé. Cada um desses 3 são expressões religiosas focadas em ensinamentos espiritualistas. A diferença é justamente na base ideológica. 

O espiritismo é baseado na doutrina trazida por Allan Kardec, através dos médiuns em comunicação com os espíritos. A umbanda e o candomblé tem suas raízes em antigas crenças africanas e por possuírem uma base de crença semelhante ao espiritismo acabam sendo colocadas na mesma panela. 

Os médiuns cobram consulta?

Uma duvida frequente é se os médiuns cobram consulta. Veja bem esta dúvida é compreensível visto que se confunde o espiritismo com qualquer braço espiritualista de religiões. 

Acredita-se que médiuns são ciganos e adivinhadores que fazem trabalhos por encomenda, etc. 

Bem aqui deixaremos claro que qualquer casa espírita, ligada a Federação Espírita e, principalmente, ligada a Allan Kardec não pratica de forma alguma da cobrança de qualquer tipo por trabalhos mediúnicos. “dai de graça o que recebeste de graça” é o lema do médium sério e responsável. 

Qualquer médium que estiver cobrando por atendimentos espirituais está se comprometendo com a lei divina. 

Os centros espíritas não cobram nada, não possuem dízimos e qualquer contribuição dos frequentadores para auxiliar à manutenção da casa deve ser voluntária.

O espiritismo faz trabalhos que, comumente, chamados de “macumba”?

Ao confundir o espiritismo com outras crenças religiosas espiritualistas africanas, muitos acreditam que o espiritismo faz trabalhos como despachos e rituais típicos de religiões de raiz africana. 

Cada crença tem sua forma para realização de sua adoração ao divino. Algumas fazem rituais, outras missas, outras cantam louvores. Nenhuma forma de adoração é errada, desde que não fira as leis de Deus. Cada religião tem seu procedimento diferente para religar a alma a Deus. 

No espiritismo o “ritual” mais comum é a oração. A prece para o espírita é a energia mais poderosa que a mente humana é capaz de criar pois vem do fundo da alma uma mistura de sentimento, vontade e fé. 

No espiritismo os rituais não existem, não há a necessidade de vestes especiais, de objetos específicos nem de locais necessários para que o homem se ligue a Deus. No espiritismo muito menos existem “trabalhos” feitos para o mal pois no espiritismo não existem “trabalhos” de nenhuma espécie. 

O único trabalho existente dentro do espiritismo é o de caridade para com o próximo, evolução através do conhecimento de si mesmo e elevação moral através da reforma íntima.

O espiritismo pode prever o futuro?

Com o advento da comunicação com os espíritos, tornou-se cada vez mais comum a previsão de futuro através de instrumentos mágicos, leituras de mãos, etc. 

O espiritismo é ciência, religião e filosofia, com isso não é dado a crenças infundadas sem o caráter científico por trás do fenômeno. 

O futuro segundo os espíritos é dinâmico em seus detalhes. Sabemos o que vai acontecer num contexto geral, mas quando, onde e de que forma é impossível saber pois o livre-arbítrio das criaturas pode ser um complicador ou um aliviador das penas futuras bem como dos gozos futuros. 

O que sabemos é que a terra irá evoluir e que TODA criatura viva está fadada à perfeição, seja amanhã ou daqui a milênios. Todos irão do átomo ao arcanjo. essa é a lei divina. 

Então as pessoas que vendem consultas dizendo prever o futuro são charlatãs? sim, em geral porque usam de má fé para enganar pessoas que estão num momento sensível de sua vida. 

Nem os espíritos superiores nos revelam tudo que está para acontecer, imagina espíritos que se envolvam com médiuns desviados que cobram por serviços de sensibilidades que receberam de graça?

É obrigatório o uso de roupas brancas no espiritismo?

Este é outro mito porém bem fundamentado. Existe na ciência o estudo das cores que indica hipóteses de ligação entre as cores e fenômenos físicos e psíquicos. 

Segundo a espiritualidade a energia ultrapassa qualquer cor, não havendo assim necessidade alguma de uso de cor branca para facilitar a troca de energia. 

Porém para a cronologia e os estudos mais exotéricos, a cor mais clara facilitaria a troca de fluídos. Tal ideia faz sentido porém não é absoluta. 

Pensar assim nos faria crer que , por exemplo, um espírito não poderia nos transmitir energia pro haver uma parede entre nós e ele. A energia atravessa carne, concreto, pele, roupas. 

Energia emanada é transmitida e vibra na alma. Por isso é desnecessário o uso de roupas brancas para facilitar a troca de energia assim como é desnecessário abrir a garrafa para fluidificar a água, assim como é desnecessário que o espirito esteja no mesmo quarto que você para lhe transmitir a energia dele.

Todo espírita vê espíritos desencarnados?

Este mito do “entrou para o espiritismo e passou a ver gente morta” não é tão infundado assim, porém não é absoluto. O que acontece é que, com certa frequência. 

Algumas pessoas depois de um tempo na doutrina estudando e se aperfeiçoando acabam desenvolvendo a sua mediunidade. Isso ocorre pois todos somos médiuns em graus diferentes de sensibilidade. Uns muito sensíveis conseguem, ver, sentir, tocar, ouvir e falar com os espíritos. 

Outros menos sensíveis conseguem percebe-los como sensações porém sem nenhum entendimento sobre. A mediunidade é missão para o espírito junto à lei divina de ação e reação bem como fonte oportuna de trabalho no bem. 

Por isso acontece com certa frequência da pessoa trabalhar na casa espírita por anos e acabar “se tornando” médium. 

Porém, existem pessoas que não possuem a necessidade e nem necessitam desta oportunidade e acabam não desenvolvendo a mediunidade mesmo que trabalhando a vida inteira numa casa espírita.

Quando foi a primeira sessão espírita no Brasil?

No ano 1865, em Salvador, foi fundado o Grupo Familiar do Espiritismo por Teles de Menezes, e em 17 de setembro se registraria a primeira sessão espírita realizada no Brasil.

E qual a 1° Instituição Espírita criada em terras brasileiras?

No Rio de Janeiro, em 1873 se criaria a primeira instituição espírita a ser fundada, Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio. Conforme previsto em seus estatutos, devia seguir os princípios e as formalidades expostos em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. As suas atividades incluíam ainda o receituário gratuito de homeopatia e a aplicação de passes aos necessitados.

Como conciliar Deus, a Ciência e a Religião?

A Ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza, E sendo essas leis obra de Deus, não podem ser contrárias às religiões que se baseiem na verdade. Lançar condenação ao progresso, por atentatório à religião, é lançá-lo à própria obra de Deus. E torna-se um trabalho inútil, porque as oposições do mundo não seriam capazes de impedir a que a Ciência avance e que a verdade abra o caminho. 

Se a Religião se nega a avançar com a Ciência, a própria Ciência avançará sozinha." (A Gênese, de Allan Kardec)

Como lidar com a mediunidade e obsessão em crianças?

Geralmente quando pensamos em mediunidade e em obsessão pensamos sempre no acometimento do indivíduo adulto. Mas e a criança pode ser médium? Pode também ser obsidiada? E se pode quem é a criança afinal?

A criança que chega aos braços dos pais ou educadores é um espírito imortal. A inocência e a fragilidade que lhe caracterizam são peculiares ao seu estado infantil nesta encarnação. São importantes sim a inocência e a fragilidade, para despertar nos pais o cuidado, o afeto e a ternura para com a criança, que em verdade é um espírito com experiências milenares.

Todo espírito somente reencarna com o objetivo de se melhorar e progredir. Os pais e os educadores portanto, são instrumentos que Deus se utiliza para o auxiliarem nessa nova experiência na aquisição de valores novos e superiores da vida.

A criança sendo médium, porque todos o somos, também está sujeita a influência espiritual. Quando a influência é negativa, perniciosa, persistente é chamada de obsessão. A obsessão pode ser definida como uma patologia de ordem espiritual.

Kardec estudou também no Livro dos Médiuns a escala da obsessão conforme o grau de domínio do espírito obsessor sobre o hospedeiro. Designou com os seguintes termos: Obsessão simples, fascinação e subjugação.

O nome subjugação foi uma escolha de Kardec em substituição a terminologia encontrada no Antigo Testamento e no Novo Testamento com o nome de possessão. O Codificador adotou este termo pois nenhum espírito entra no corpo do hospedeiro, o que ocorre é uma ligação de mente a mente face a sintonia existente entre ambos.

Um ponto interessante é que no CID 10 – Código Internacional de Doenças 10ª edição existe o F 44.3 Estado de transe e possessão. Ou seja, este estado de subjugação é avaliado e reconhecido pela medicina, porém geralmente é visto como um transtorno de causa orgânica ou psicogênica ou quem sabe espiritual.

O fato é que aquele que agora é o obsessor foi alguém que geralmente conviveu de forma muito próxima com a atual vítima e que foi ludibriado e que não tendo perdoado busca fazer justiça com as próprias mãos.

É claro que o desforço não é necessário. A divindade dispõe sempre de meios onde possa equilibrar os desvios da Lei Divina sem que ocorra a necessidade de que alguém se comprometer com o mal.

Assim, a criança que agora utiliza-se de um corpo novo, pode ser na verdade um espírito cujo passado foi muito comprometido no mal. A família que de alguma forma lhe padece as dificuldades decorrentes da obsessão pode muitas vezes ter sido partícipe do seu comprometimento ou mesmo estimuladora das imperfeições que agora abrem campo ao processo obsessivo.

Manoel Philomeno de Miranda, espírito, através da mediunidade de Divaldo Franco em seu livro Trilhas da libertação diz que: Não desconhecemos que a obsessão na infância tem um caráter expiatório, como efeito de ações danosas de curso mais grave. (…) A visão do Espiritismo em relação à criança obsidiada é holística, pois que não a dissocia, na sua forma atual, do adulto de ontem quando contraiu o débito.

O processo obsessivo logicamente traz algumas alterações comportamentais perceptíveis na criança. Podemos desta forma encontrar sintomas associados a obsessão na infância como: Irritabilidade, agitação, depressão, pesadelos, falta de concentração, dificuldades nas relações sociais, agressividade, comportamentos excêntricos, acidentes, personalidade instável, dificuldades de aprendizagem e medo injustificado.

Como tratamento proposto pela Doutrina Espírita, encontramos o tratamento fluidoterápico como o passe magnético e a água fluidificada em abundância, o culto do evangelho no lar, a participação da criança nas aulas de evangelização infantil, a prece intercessória em favor do pequeno paciente e a reunião de desobsessão sem a participação da criança na mesma.

Sabemos que a incidência da obsessão na infância mostra-se como uma prova ou expiação de difícil curso. Mas demonstra principalmente a necessidade de maiores cuidados por parte dos pais quanto à moral e índole do pequenino e também da própria família. A mensagem da Doutrina Espírita é a do Cristo, é a da renovação, da esperança, tendo-se em mente que realizado o tratamento, a criança poderá levar uma vida completamente normal e feliz com um futuro promissor rumo a Deus. 

Aos pais que passam por situação semelhante em relação aos filhinhos, recordamo-nos de Jesus quando curou a filhinha subjugada da mulher Cananéia – Oh! Mulher! Grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como tu desejas. E desde aquela hora, sua filha foi curada. (Mateus 15: 28).

Escrito por Rodrigo Ferretti

Código penal da vida futura

Apesar do título, Kardec não coloca Deus na condição de juiz e executor, mas de criador da lei do progresso. No contexto da lei do progresso, as ações dos homens têm consequências óbvias nesta e em outras vidas.

A vida após a morte é uma continuidade da vida presente.

Assim, quem se prende à vida material tem dificuldades em desencarnar. A alma desprende-se do corpo com lentidão, sofre angústias ao desprender-se e pode ficar em estado de perturbação durante um tempo variável (Kardec fala em meses ou anos).

Muitos têm a ilusão de continuar vivos e sofrem as "necessidades, tormentos e perplexidades da vida".

Os criminosos sofrem com a presença das vítimas e das circunstâncias do crime.

Os orgulhosos sofrem vendo os pretensos inferiores em condição melhor que a sua.

Os hipócritas sofrem, vendo seus segredos conhecidos por todos.

Os sensualistas (Kardec os chama de sátiros) se veem impotentes para realizar seus desejos, que, exaltados, se transformam em tormento.

Os avarentos sofrem ao ver seus bens dissipados pelos herdeiros.

Os egoístas sofrem sozinhos a falta de socorro, uma vez que não socorreram a ninguém, embora sejam dignos, como todos os demais, da ajuda de espíritos superiores. Contudo, não os registram, presos em suas emoções.

Para Kardec, apesar da metáfora de "Código Penal", o sofrimento não é um castigo, mas uma consequência dos atos e escolhas do homem. Ele fará com que os espíritos compreendam que são eles próprios quem podem mudar seus destinos e que suas crenças sobre como viver eram equivocadas.

O que É o espiritismo e o que NÃO É espiritismo?

Pela semelhança dos termos, muita gente confunde espiritismo com espiritualismo.

Espiritualismo é a crença na existência e sobrevivência da alma somente. O Espiritismo, portanto, se baseia no espiritualismo, assim como outras doutrinas e religiões, mas vai além, apresentando as provas da reencarnação, o que não é aceito por outras doutrinas religiosas. Por falar em religião, o Espiritismo é considerado uma religião diferente, baseada na fé raciocinada e não em dogmas.

Afinal de contas, não tem culto, não tem rito, templos ou outros elementos que a constituem.

A Doutrina Espírita é, na verdade, uma  doutrina científica, filosófica e de consequências religiosas baseadas na moral de Jesus Cristo. O Espiritismo também é uma religião cristã que considera  Deus como um Pai soberanamente justo e bom.

Ele é o Consolador Prometido por Jesus, que veio para relembrar e fortalecer os seus ensinamentos e ampliá-los com os elementos dos novos conhecimentos, além de esclarecer assuntos que não eram possíveis devido à imaturidade da humanidade na época em que Jesus viveu. Como vimos no início deste artigo, o Espiritismo surgiu na França, portanto, não tem quaisquer raízes africanas.

E em casos de suicídio e morte violenta?

Nas mortes violentas, como nos acidentes, nenhuma desagregação teve início antes da separação do perispírito. 

Nesse caso, o desprendimento só começa depois da morte e seu término não ocorre rapidamente. O Espírito fica aturdido, não compreende o seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme o seu nível de espiritualização.

Nos casos de suicídio, a separação da alma é extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito deveria estar encarnado. 

Além disso, as dores da lesão física provocada repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não constitua regra geral. Há ademais o remorso, gerando sofrimento moral para aquele que decidiu desertar da vida.

O espírita sério, adverte-nos Kardec, não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina. A vida futura é para ele uma realidade que se desenrola incessantemente aos seus olhos, uma realidade que ele toca e vê a cada passo e de tal modo que a dúvida não pode ter guarida em sua alma. 

A existência corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual. Que lhe importam os incidentes da jornada, se compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas quando suportadas com resignação?

A alma se eleva então em suas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. 

A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, mas antes compreendendo a sua nova situação.

Quais situações que os espíritos obsessores mais gostam em você?

1. Que a você minta, que não viva a verdade em cada ato, que não faça da vida aquilo que gosta, que procure preponderar os interesses materiais em relação aos conscienciais e que jamais cumpra com sua palavra.

2. Que você tenha dúvida, que se sinta inseguro o tempo todo e que não tenha fé na vida, nas pessoas e nas possibilidades que o universo nos oferece.

3. Que você não estabeleça uma conexão com Deus. Que você acredite que só se vive uma vida. Em especial, que você se concentre em aproveitar a vida no sentido de apenas se divertir o tempo todo. Principalmente, que você não dê atenção a evolução do amor e da consciência. Quanto menos você pensar e agir no sentido de realizar a missão da sua alma, que é o propósito da sua existência, mais você agrada e facilita o trabalho dos obsessores.

4. Que você não se preocupe jamais com os outros. Que não pense em caridade, em bem-estar alheio, em colaborar para a formação de uma sociedade mais digna, justa e elevada. Quanto mais você pensa unicamente nos seus interesses mundanos, mais você agrada e facilita o trabalho deles.

5. Que você jamais perdoe, que sinta muita raiva e desejo de vingar-se das pessoas as quais lhe fizeram mal. Além disso, que você faça valer a sua palavra a qualquer preço, sem compaixão, sem paciência e sem respeito. O tipo de campo de energia produzido por esses sentimentos alimenta muito a força dos obsessores, oferecendo a eles alimento, energia e campo de ação para suas investidas nefastas.

6. Que você jamais estude e que nunca busque o desenvolvimento de seus potenciais. Em especial que você seja acomodado, preguiçoso e sem iniciativa. Quanto menos você cuidar do seu corpo, da sua mente, das suas emoções e do seu espírito, mais você ajudará a facilitar o trabalho. Quanto mais alienado e cético você for, melhor!

7. Que você seja fanático, determinista, inflexível, convicto e fascinado. Quanto menos tolerância, equilíbrio, leveza e sensatez você tiver nos seus atos, mais você contribuirá as estratégias dos obsessores.

8. Que você elimine da sua vida a prece, a meditação e qualquer tipo de prática espiritual. De preferência, que você substitua essas práticas por vícios como drogas, álcool, fumo, alimentação desequilibrada, jogos e sexo promíscuo. Quanto mais você abandonar práticas saudáveis, mais você contribuirá para abrir a porta de acesso que liga os obsessores a você.

9. Que a sua disciplina seja muito ruim e que você nunca tenha persistência para seguir seus objetivos, para realizar suas práticas diárias de conexão com Deus e que nunca tenha perseverança em seguir os seus sonhos.

10. Que jamais acredite na sua intuição e que siga apenas a voz da razão e que não confie em nada, absolutamente nada que não seja comprovado cientificamente ou que não tenha relevância acadêmica. Em especial, que você abandone a sua sensibilidade de perceber as coisas e situações, acreditando apenas no que você vê com os próprios olhos. De preferência, quando situações ruins acontecerem em sua vida, vitimize-se e rapidamente encontre um culpado, que certamente não deve ser você.

Quem foi Amélie Gabrielle Boudet no espiritismo?

Nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, em 23 de novembro de 1795. Filha única de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, era conhecida na intimidade familiar pelo diminutivo Gaby.

Aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais. Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1ª classe.

De acordo com o Dr. Canuto de Abreu, a senhorinha Amélie foi, também, professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras: Contos Primaveris (1825); Noções de Desenho (1826), e O Essencial em Belas Artes (1828).

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Como se deu o encontro de Amélie Boudet e Hypolitte Leon?

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que a Srta. Amélie deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Casaram-se, então, no dia 6 de fevereiro de 1832. Amélie tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Após concluir seus estudos com Pestalozzi, o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na difícil tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto há mais de cinco anos.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Hypolitte Leon e Amélie Boudet tiveram dificuldades financeiras?

Sim, em 1835 o casal sofreu doloroso revés. O Instituto foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses tormentosos acontecimentos. 

Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.

À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, frequentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava, ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a lecionar as matérias estatuídas para cursos gratuitos a crianças e jovens.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Allan Kardec contava com a ajuda e conselhos de Amélie Boudet?

Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas. 

Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxílio eficiente e constante de sua dedicada consorte.

Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. 

No que toca à Madame Rivail, além de conselheira, ela foi a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que confirma o Sr. P.J. Leymarie (que com ambos estivera) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa.


Allan Kardec e sua esposa Amelie estariam preparados para a realização do trabalho espírita?

Sim, claro! Nada é por acaso. E além disso, graças, principalmente, às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e Amélie alcançaram uma posição financeira satisfatória.

O nome “Denizard Rivail” tornou-se conhecido nos meios cultos e bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobraria, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma.

A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.

Primeiro, em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, Kardec inicia os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.

Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que Amélie tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. 

Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara esposa, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o e incentivando-o no cumprimento de sua missão.

Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que adotou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1º de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, nasceu o primeiro número da “Revue Spirite” (Revista Espírita), periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Como iniciaram as obras deste grandioso casal perante a sociedade?

Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires nº. 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. 

O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em abril de 1858, Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”.

Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício.

Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz debaixo do alqueire. Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.”

Recebendo enorme número de correspondências, vindas da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.

Kardec realizou uma série de viagens (em 1860, 1861, 1862, 1864, etc.) percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as ideias espíritas. Sua venerável esposa, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal.

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- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Como reagiu Amelie e a Sociedade Espírita sem a presença do Codificador?

Em 31 de março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. 

Madame Kardec, que partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. 

Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e coragem, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.

No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de abril realizou-se o sepultamento de Kardec, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo se expressou:

“Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”

Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, que lhe trouxeram novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Mas, como foi para Amelie prosseguir com os trabalhos da Sociedade sem o marido?

Cerca de dois meses após o sepultamento de Allan Kardec, Amélie, no desejo louvável de contribuir para a realização dos planos futuros que o esposo tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.

Outras sábias decisões foram tomadas por ela no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o mundo o seu nobre desinteresse e devotamento.

Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. 

Além de comparecer às reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.

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- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

O que motivou a viúva Amelie, Madame Kardec, de prosseguir com os trabalhos da Doutrina Espírita?

Se Madame Allan Kardec – conforme se lê na Revista Espírita de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranquilidade e repouso à sua velhice. 

Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Amélie não hesitou um só instante.

Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.

Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec na Revista, descritos no ano anterior, em 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”.

Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.

Graças à visão, ao empenho e ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, mas em todo o mundo. 

Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

A Sra. Kardec contou com a ajuda dos velhos discípulos do Codificador. Como foi isso?

Os Céus a socorreram, quando o Sr. P.G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu, em 1871, a gerência da Revista Espírita e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, tomou sozinho sob os ombros os pesados encargos da direção. 

Daí por diante, ele foi o braço direito de Amélie, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.

Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade Anônima, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembleia geral de 18 de outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Como foi, então, o desenlace de nossa valorosa irmã deste plano material?

Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que, em 21 de janeiro de 1883, 14 anos depois do marido, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez de espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.

A querida velhinha tinha, então, 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme. 

De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e realizado nos moldes simples da valorosa doutrina, saindo o caixão de sua residência, na Avenida e Vila Ségur nº. 39, direto para o Cemitério Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância.

Grande multidão de pessoas humildes e de destaque compareceu, em 23 de janeiro, ao funeral, realizado junto ao jazigo de Allan Kardec, e ao lado do qual os despojos da velhinha foram sepultados.

Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883.

Durante o enterro, foi lida a nota mais emocionante diante daquelas homenagens póstumas pelo Sr. Lecoq. Para alegria de todos, leu ele bela comunicação mediúnica de Antônio de Pádua, recebida em 22 de janeiro (um dia antes), na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram a bem aventurada senhora Amélie.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

Logo depois, como foram os reconhecimento a essa fervorosa continuadora?

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua sucessora universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. 

Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram incontestáveis.

Em 26 de janeiro de 1883, portanto, apenas 5 dias depois do desenlace, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo, o querido Allan Kardec.

Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua.

O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões.

Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio.

Fontes:

- WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51;

- Site Federação Espírita Brasileira (FEB)

A Psicologia Espírita auxilia no conhecimento?

A Psicologia Espírita agrega o ancestral conceito da Antiguidade Grega sobre a Psicologia, enquanto ciência da alma, associada à Filosofia, à moderna concepção do Espiritismo sobre o Espírito, gerando um saber mais intenso e analítico sobre a existência humana, o Universo e o seu Criador.

E a Psicologia, do ângulo espírita, resgata a visão dos gregos, aliando-a ao conhecimento proporcionado pelo avanço da Ciência e pela doutrina espírita.

Uma olhada sobre a história da Psicologia, desde os seus primórdios, revela um avanço significativo, uma caminhada da concepção mais materialista até a percepção mais espiritualizada. 

Inicialmente a Psicologia Behaviorista (a psicologia baseada somente no comportamento humano) vê o estudo da psique apenas como uma investigação sobre o comportamento do Homem, baseada apenas no que pode ser provado pela experiência, e assim configurou uma disciplina centrada em um ponto de vista material. 

Com Freud e suas pesquisas sobre o inconsciente, é possível acessar um espaço antes desconhecido e invisível para as pessoas, assim ele já começa a demonstrar o quanto é complexa a alma humana.

A Psicologia Humanista, dedicada a explorar a subjetividade do Homem, desperta a criatividade adormecida em seu espírito, destacando o que na doutrina espírita se conhece como livre-arbítrio, e também as qualidades que distinguem o indivíduo, determinando sua face humana – o autoconhecimento, com a consequente aprovação de si mesmo, independente de suas imperfeições, a afinidade com o outro, a naturalidade, entre outros atributos.

Surge então Carl Gustav Jung, antigo discípulo de Freud, indo além do mestre, ao criar as noções de complexos e arquétipos, inconsciente coletivo e self, demonstrando que a mente humana é fruto não só do que ocorre na esfera individual, mas também do que se passa no universo transpessoal, que se expressa por meio de representações universais, como se percebe nos mitos e nas crenças cultivadas em cada recanto do Planeta. 

Sua Psicologia Profunda concede então à Doutrina Espírita as ferramentas necessárias para compreender o renascimento, as inclinações inatas, a energia que irradia da mente, entre outras ideias antes não passíveis de explicação.

A Psicologia Espírita não é apenas uma mera teoria adicional no campo da Psicologia, bem como não é mais um estilo terapêutico, mas uma expressão que se usa para uma vasta gama de saberes, ideais e concepções simbolizadas por um suposto espaço conectivo entre a Psicologia e o Espiritismo. Melhor dizendo, ela investiga o que há de comum e de distinto entre esta disciplina e a doutrina espírita.

Este campo da psicologia procura acompanhar o desenvolvimento da Ciência, absorvendo subsídios de todas as teorias psicológicas conquistadas ao longo do tempo, esforçando-se para empreender uma visão transdisciplinar, avançando um pouco mais, justamente por seu caráter holístico, que percebe o Homem integralmente. 

Ela tenta provar, através do método teórico Experimental, a presença de uma realidade espiritual no cerne da vida, em tudo que existe, além da existência da Divindade e de uma alma imortal, que traz em si uma bagagem composta das mais distintas vivências, adquiridas em vidas passadas. 

Assim é permitido a ela compreender a dor humana e suas causas, a ilusória disparidade das aflições, quem somos, entre outras questões existenciais profundas. E também perceber que todos percorrem uma jornada de aprendizado e desenvolvimento espiritual que atravessa o tempo e o espaço.

Qual a ligação de Allan Kardec ao povo Celta?

Os Celtas tinham uma sociedade hierarquizada, e um dos grupos mais influentes eram os Druidas, Sacerdotes que assumiam funções jurídicas e religiosas nas tribos. Os Celtas, na sua cultura, traziam em seu traço religioso uma forte ligação com a natureza, e acreditavam em elementos como a transmigração do corpo e realizavam sacrifícios de humanos e animais. 

E sobre Hypolitte Leon ser um sacerdote Druida do povo Celta chamado Allan Kardec?

Influenciados pela moda que chegara à França, os Baudin (Émile-Charles, Clémentine e as filhas Caroline e Julie) começaram a conversar com uma mesa girante em 1853, quando ainda moravam na colônia francesa da Ilha da Reunião, na costa oriental da África.

Como em outros lugares, logo constatou-se que a mesa era movida pelas almas dos mortos. Depois de algum tempo, as reuniões passaram a ser dirigidas por um espírito, que se apresentou como o guia espiritual da família. Interrogado a respeito do seu nome, o ser invisível respondeu:

– Me chamem pelo que sou, o zéfiro da verdade.

Zéfiro era o nome de um vento típico da região; e o apelido pegou. Certa noite, o guia previu que seus protegidos mudariam brevemente para Paris:

– Émile arrumará seus negócios e entrará na Escola Naval. Caroline e Julie tornarão professoras mais competentes e encontrarão seus noivos. E eu procurarei contato com um velho amigo e chefe, desde o nosso tempo de druidas.

Nessa época, os Baudin não tinham a menor intenção de morar na França. No entanto, uma crise no comércio do café e do açúcar, principais produtos das atividades agrícolas e comerciais de Émile-Charles, obrigou-os a mudar para a Corte em 1855. Zéfiro os acompanhou. Ou foi o contrário? As reuniões continuaram em Paris. Numa noite, Zéfiro escreveu:

– Nosso dia de glória já chegou.

O Sr. Baudin pediu mais explicações. O espírito amigo respondeu:

– Vamos ter, afinal, o convívio de nosso velho chefe druida!

– Aquele que você esperava encontrar em Paris?

– Sim, ele mesmo, em pessoa. Você vai trazê-lo aqui. Caroline vai atraí-lo.

– Você pode me dizer o nome dele?

– Allan Kardec!

Émile achou o nome estranhíssimo e deu o diálogo por encerrado. As sessões dos Baudin davam-se num clima de total descontração e sem qualquer formalismo. Na hora combinada, a casa enchia-se de curiosos, convidados pela família ou recomendados pelos amigos do clã.

Nessa época, os espíritos já tinham abandonado as mesas girantes e se comunicavam através da psicografia indireta, escrevendo num quadro de ardósia (uma lâmina de pedra, portátil). Caroline, Julie e Clémentine funcionavam como médiuns, segurando. uma cestinha de vime (corbelha, do francês corbeille), em cujo bico amarravam um lápis de pedra.

Os participantes faziam perguntas, que eram respondidas na ardósia e lidas em voz alta. Após a leitura das respostas, seguiam-se comentários nos mais diversos tons, revelando o espanto de uns e o contentamento de outros. Zéfiro, o dirigente espiritual da casa, gostava de pilheriar e alfinetar os consulentes antes de dirigir-lhes a palavra.

Certa noite, o Sr. Denizard Rivail, educador lionês radicado em Paris, compareceu à reunião, acompanhado de sua esposa, Amelie Boudet, a convite do próprio Émile-Charles. O pai Baudin os havia conhecido numa sessão de mesa girante na casa da Sra. Planemaison, na qual Rivail aprofundava seu recente interesse pelos fenômenos espíritas. O espírito guia dos Baudin os recebeu efusivamente, saudando o professor com as seguintes palavras:

– Salve, caro pontífice, três vezes salve!

Lida em voz alta, a saudação arrancou risadas da plateia. O Sr. Baudin, meio envergonhado, explicou a Rivail que Zéfiro era muito espirituoso e tinha o costume de brincar com os visitantes. O professor não se agastou e respondeu sorrindo:

– Minha bênção apostólica, prezado filho!

Nova risada geral. Zéfiro, porém, redarguiu que tinha feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois Rivail havia sido um grande chefe druida, no tempo da invasão da Gália pelo Imperador Júlio César. Os druidas eram os sacerdotes do povo celta, uma etnia que habitava várias extensões da antiga Europa.

Essa área compreendia Portugal e Espanha (a oeste), a Cordilheira dos Cárpatos (a leste), a Bélgica (ao norte) e a Itália (ao sul), passando pela Irlanda, Inglaterra, País de Gales, Escócia, França, Dinamarca, Suíça, Áustria e Alemanha.

Júlio César invadiu a Gália (atual França) no Século 58 a.C. e denominou os celtas locais de gauleses. Segundo Zéfiro, ele e Rivail estavam reencarnados nessa época e local. O termo druida quer dizer consciência do carvalho, a árvore sagrada dos celtas. Os futuros sacerdotes, escolhidos na classe aristocrática, submetiam-se, desde crianças, a intenso aprendizado junto aos druidas mais velhos.

Os druidas não limitavam sua ação à religião, acumulando a função de juízes, professores, médicos, conselheiros militares e guardiões da cultura céltica. O cargo não era exclusivo dos homens, pois também existiam druidesas. Viviam integrados na comunidade e podiam se casar. Estimulavam os homens a combater o mal e a praticar bravuras e as mulheres a serem o ponto de união entre o céu e a terra. Júlio César os perseguiu duramente porque insuflavam a resistência ao domínio romano. Segundo o próprio Imperador, foi na Gália que ele viveu a mais árdua de suas campanhas.

Os celtas dominavam diversas áreas do conhecimento humano, como a fitoterapia, a agricultura, a tecelagem, a mineração, a cerâmica, a pecuária, a metalurgia e a astronomia. Inventaram a roda de madeira, o barril e a carroça. No campo artístico, cultivavam a música, a poesia, a escultura, a ourivesaria e a joalheria.

O que unia os povoados, vencendo as grandes distâncias que os separavam, não era a obediência a um único rei, mas a língua, a arte e a religião. A filosofia religiosa dos celtas era muito avançada. Acreditavam numa Divindade única, que podia ser cultuada como homem (Deus ou o céu) ou mulher (Deusa ou a terra). Como não admitiam templos, seus cerimoniais eram realizados ao ar livre, nos campos e florestas, debaixo de grandes carvalhos.

Além disso, criam na imortalidade da alma, na reencarnação, no livre-arbítrio, na lei de causa e efeito, na evolução espiritual, na inexistência de penas eternas, nas esferas espirituais, na existência de elementais (duendes, fadas, gnomos, etc.) e na proteção dos Espíritos superiores. Um celta não morria, pois, a morte era apenas um ponto no meio da estrada. Só houve uma coisa negativa: os druidas proibiram a palavra escrita como instrumento de preservação da história céltica, por temerem que textos escritos caíssem em mãos escusas. Por isso, todo o conhecimento desse povo era transmitido oralmente e se perdeu muito no decorrer dos séculos.

Com a queda do grande chefe Vercingetórix, no ano de 52 a.C., toda a Gália acabou rendendo-se, pouco a pouco, aos exércitos romanos, mais treinados e portadores de armas mais leves e manejáveis. No final do Século I a.C., todos os domínios celtas, exceto a Irlanda e a Escócia, estavam submetidos a Roma. A falta de unificação política, geográfica e militar das tribos também colaborou para o sucesso de Júlio César.

Com a forte repressão política aos druidas, movida pelo Imperador, a cultura céltica foi perdendo sua força e, no final do Século I d.C., a quase totalidade dos celtas estava “romanizada” ou misturada à multidão de povos que invadiu o continente europeu. O druidismo passou então a ser uma prática fechada e esotérica. Isso, porém, não impediu que muitos druidas aceitassem as ideias de Jesus de Nazaré, quando o Cristianismo primitivo chegou à Europa. No entanto, o nascente Catolicismo romano não gostou desse sincretismo e ajudou a perseguir os sacerdotes celtas. Pode-se dizer que o desaparecimento dos druidas é diretamente proporcional ao crescimento e fortalecimento da Igreja Católica.

Como os grandes druidas eram conhecidos como as serpentes da sabedoria, São Patrício regozijava-se de ter acabado com as “serpentes” da Bretanha. A vitória final teria sido de Roma se não existisse a reencarnação. Utilizando-se desse mecanismo natural, o druida Allan Kardec renasceu no Século XIX para dar continuidade ao seu trabalho no campo científico, filosófico e religioso. 

O local escolhido foi a cidade de Lyon, na atual França, antiga Gália, no ano de 1804. Seu novo nome seria Hippolyte Léon Denizard Rivail. Educado na Suíça, mudou-se, depois, para Paris, capital cultural do mundo. Durante muitos anos, o antigo druida dedicou-se ao estudo e prática da Educação. Todavia, aos 50 anos, atraído pelos fantasmagóricos fenômenos que invadiram o globo, sua atenção voltou-se integralmente para as questões transcendentais da vida.

Convencido que os estranhos acontecimentos eram produzidos por espíritos, Rivail começou a fazer-lhes várias perguntas sobre as causas e características das coisas.

Desse material saiu sua primeira obra sobre o assunto, O Livro dos Espíritos. Estava inaugurada a nova filosofia espiritualista, que ele chamou de Espiritismo.

Já sabendo que era um druida reencarnado, através da revelação do Espírito Zéfiro, Rivail preferiu assinar O Livro com seu antigo nome celta, a fim de separar seu trabalho de educador do de autor espírita. Fechava-se, assim, um ciclo palingenético, pessoal e histórico. O espírito Kardec/Rivail completava sua tarefa de condutor de almas e as grandes teses druídicas ressurgiam no bojo da nova Doutrina Espírita. Tudo sobre o mesmo solo gaulês.

Esses fatos, porém, não aconteceram sem a resistência de uma velha inimiga dos druidas. A Igreja Católica tentou denegrir o Espiritismo de várias maneiras. Mas essa já é outra história…

Postado por Nilza Garcia, em 03/09/19, na Rede Espirit Book

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos e sua tradição Histórica e Lendária – Silvino Canuto de Abreu, Edições LFU, São Paulo, 1992.

Os Celtas – Venceslas Kruta, Editora Martins Fontes, São Paulo, 1979.

Internet – (diversas páginas sobre celtas).

(Publicado no Jornal A Voz do Espírito – Edição 89: janeiro – fevereiro de 1998)

A sensação de tempo perdido trazem os piores tormentos além-túmulo. Como lidar com isso?

Há um texto interessante que traz o relato, chamado Consciência Espírita, que na pergunta 642 mostra a forma com que Kardec a tratou em O Livro dos Espíritos.

Diz você que não compreende o motivo de tanta autocensura nas comunicações dos espíritas desencarnados. Fulano, que deixou a melhor ficha de serviço, volta a escrever, declarando que não agiu entre os homens como deveria; sicrano, conhecido por elevado padrão de virtudes, regressa, por vários médiuns, a lastimar o tempo perdido... E você acentua, depois de interessantes apontamentos: “Tem-se a impressão de que os nossos confrades tornam, do Além, atormentados por terríveis complexos de culpa. Como explicar o fenômeno?”

Creia, meu caro, que nutro pessoalmente pelos espíritas a mais enternecida admiração. Infatigáveis construtores do progresso, obreiros do Cristianismo Redivivo. Tanta liberdade, porém, receberam para a interpretação dos ensinamentos de Jesus que, sinceramente, não conheço neste mundo pessoas de fé mais favorecidos de raciocínio, ante os problemas da vida e do Universo.

Carregando largos cabedais de conhecimento, é justo guardem eles a preocupação de realizar muito e sempre mais, a favor de tantos irmãos da Terra, detidos por ilusões e inibições no capítulo da crença.

Conta-se que Allan Kardec, quando reunia os textos de que nasceria “O Livro dos Espíritos”, recolheu-se ao leito, certa noite, impressionado com um sonho de Lutero, de que tomara notícias. O grande reformador, em seu tempo, acalentava a convicção de haver estado no paraíso, colhendo informes em torno da felicidade celestial.

Comovido, o codificador da Doutrina Espírita, durante o repouso, viu-se também fora do corpo, em singular desdobramento... Junto dele, identificou um enviado de Planos Sublimes que o transportou, de chofre, a nevoenta região, onde gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor. Soluços de aflição casavam-se a gritos de cólera, blasfêmias seguiam-se a gargalhadas de loucura.

Atônito, Kardec lembrou os tiranos da História e inquiriu, espantado:

- Jazem aqui os crucificadores de Jesus?

- Nenhum deles – informou o guia solícito. – Conquanto responsáveis, desconheciam, na essência, o mal que praticavam. O próprio Mestre auxiliou-os a se desembaraçarem do remorso, conseguindo lhes abençoadas reencarnações, em que se resgataram perante a Lei.

- E os imperadores romanos? Decerto, padecerão nestes sítios aqueles mesmos suplícios que impuseram à Humanidade...

- Nada disso. Homens da categoria de Tibério ou Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade. Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se elevaram a esferas superiores, enquanto que outros se demoram, até hoje, internados no campo físico, à beira da remissão.

- Acaso, andarão presos nestes vales sombrios – tornou o visitante – os algozes dos cristãos, nos séculos primitivos do Evangelho?

- De nenhum modo – replicou o lúcido acompanhante -, os carrascos dos seguidores de Jesus, nos dias apostólicos, eram homens e mulheres quase selvagens, apesar das tintas de civilização que ostentavam... Todos foram encaminhados à reencarnação, para adquirirem instrução e entendimento.

O codificador do Espiritismo pensou nos conquistadores da Antiguidade, Átila, Aníbal, Alarico I, Gengis Khan... Antes, todavia, que enunciasse nova pergunta, o mensageiro acrescentou, respondendo-lhe à consulta mental:

- Não vagueiam, por aqui, os guerreiros que recordas... Eles nada saiam das realidades do espírito e, por isso, recolheram piedoso amparo, dirigidos para o renascimento carnal, entrando em lides expiatórias, conforme os débitos contraídos...

- Então, dize-me – rogou Kardec, emocionado -, que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?

E o orientador esclareceu, imperturbável:

- Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educado quanto aos imperativos do Bem e da Verdade, e que fugiram deliberadamente da Verdade e do Bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal, por livre vontade...

Para eles, um novo berço na Terra é sempre mais difícil...

Chocado com a inesperada observação, Kardec regressou ao corpo e, de imediato, levantou-se e escreveu a pergunta que apresentaria, na noite próxima, ao exame dos mentores da obra em andamento e que figura como sendo a Questão número 642, de “O Livro dos Espíritos”: “Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?”, indagação em que os instrutores retorquiram: “Não; cumpre-lhe fazer o bem, no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

Segundo é fácil de perceber, meu amigo, com princípios tão claros e tão lógicos, é natural que a consciência espírita, situada em confronto com as ideias dominantes nas religiões da maioria, seja muito diferente.

Quais são os 5 livros da Codificação Espírita?

1 - O Livro dos Espíritos - 1857

2 - O Livro dos Médiuns - 1861

3 - O Evangelho Segundo o Espiritismo - 1864

4 - O Céu e o Inferno - 1865

5 - A Gênese - 1868

Eles formam a Base do Conhecimento Espírita, Doutrina Espírita ou Espiritista, e respondem a 4 perguntas essenciais em nossas vidas.

O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? 

10. O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? 

“Não, esse é um sentido que lhe falta.” 

11. Será concedido ao homem, um dia, compreender o mistério da Divindade? 

Quando o seu Espírito não for mais obscurecido pela matéria e, por sua perfeição, tiver se aproximado Dela, então a verá e compreenderá.

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

Quem eram os Escribas relatados no evangelho?

Os Escribas eram os secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles votavam aos inovadores. Daí o envolvê-los Jesus na reprovação que lançava aos fariseus. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Quem eram os Essênios?

Os Essênios eram os pertencentes à seita judia fundada cerca do ano 150 antes de Jesus, ao tempo dos Macabeus, e cujos membros, habitando uma espécie de mosteiros, formavam entre si uma como associação moral e religiosa. 

Distinguiam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreição. 

Viviam em celibato, condenavam a escravidão e a guerra, punham em comunhão os seus bens e se entregavam à agricultura. 

Contrários aos saduceus sensuais, que negavam a imortalidade; aos fariseus de rígidas práticas exteriores e de virtudes apenas aparentes, nunca os essênios tomaram parte nas querelas que tornaram antagonistas aquelas duas outras seitas. 

Pelo gênero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos, e os princípios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar começo à sua missão pública, lhes pertencera à comunidade. 

E certo que ele há de tê-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipotético tudo quanto a esse respeito se escreveu. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Como viviam os Fariseus?

A tradição dos Fariseus (do hebreu parush, divisão, separação) constituía parte importante da teologia dos judeus. Consistia numa compilação das interpretações sucessivamente dadas ao sentido das Escrituras e tomadas artigos de dogma. 

Constituía, entre os doutores, assunto de discussões intermináveis, as mais das vezes sobre simples questões de palavras ou de formas, no gênero das disputas teológicas e das sutilezas da escolástica da Idade Média. 

Daí nasceram diferentes seitas, cada uma das quais pretendia ter o monopólio da verdade, detestando-se umas às outras, como sói acontecer. 

Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus, que teve por chefe Hillel, doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma escola célebre, onde se ensinava que só se devia depositar fé nas Escrituras. Sua origem remonta a 180 ou 200 anos antes de Jesus Cristo. 

Os fariseus tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios; mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação. 

Tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, além das exterioridade e da ostentação; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Daí o serem muito poderosos em Jerusalém. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Como eram os Nazarenos?

Esse nome foi dado, na antiga lei, aos judeus que faziam voto, ou perpétuo ou temporário, de guardar perfeita pureza. 

Eles se comprometiam a observar a castidade, a abster-se de bebidas alcoólicas e a conservar a cabeleira. 

Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos. 

Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a Jesus de Nazaré.

Também foi essa a denominação de uma seita herética dos primeiros séculos da era cristã, a qual, do mesmo modo que os Ebionitas, de quem adotava certos princípios, misturava as práticas do Moisaísmo com os dogmas cristãos, seita essa que desapareceu no século quarto. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Quem eram os Portageiros?

Eles eram os arrecadadores de baixa categoria, incumbidos principalmente da cobrança dos direitos de entrada nas cidades. 

Suas funções correspondiam mais ou menos à dos empregados de alfândega e recebedores dos direitos de barreira. Compartilhavam da repulsa que pesava sobre os publicanos em geral.

Essa a razão por que, no Evangelho, se depara frequentemente com a palavra publicano ao lado da expressão gente de má vida. 

Tal qualificação não implicava a de debochados ou vagabundos. Era um termo de desprezo, sinônimo de gente de má companhia, gente indigna de conviver com pessoas distintas.

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Quem eram os Publicanos?

Na antiga Roma, eram os cavalheiros arrendatários das taxas públicas, incumbidos da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, quer em Roma mesma, quer nas outras partes do Império. 

Eram como os arrendatários gerais e arrematadores de taxas do antigo regímen na França e que ainda existem nalgumas legiões. 

Os riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exações e de lucros escandalosos. 

O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros públicos e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios. 

Diz-se por vezes: “Ávido como um publicano, rico como um publicano", com referência a riquezas de mau quilate. De toda a dominação romana, o imposto foi o que os judeus mais dificilmente aceitaram e o que mais irritação causou entre eles. 

Dai nasceram várias revoltas, fazendo-se do caso uma questão religiosa, por ser considerada contrária à Lei. Constituiu-se, mesmo, um partido poderoso, a cuja frente se pôs um certo Judá, apelidado o Gaulonita, tendo por principio o não pagamento do imposto.

Os judeus, pois, abominavam a este e, como consequência, a todos os que eram encarregados de arrecadá-lo, donde a aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude das suas funções, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham relações, os quais se viam atingidos pela mesma reprovação. 

Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter com eles intimidade. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Como viviam os Saduceus?

Os Saduceus faziam parte de uma seita judia, que se formou por volta do ano 248 antes de Jesus-Cristo e cujo nome lhe veio do de Sadoc, seu fundador. Não criam na imortalidade, nem na ressurreição, nem nos anjos bons e maus. 

Entretanto, criam em Deus; nada, porém, esperando após a morte, só o serviam tendo em vista recompensas temporais, ao que, segundo eles, se limitava a providência divina. Assim pensando, tinham a satisfação dos sentidos tísicos por objetivo essencial da vida. 

Quanto às Escrituras, atinham-se ao texto da lei antiga. Não admitiam a tradição, nem interpretações quaisquer. Colocavam as boas obras e a observância pura e simples da Lei acima das práticas exteriores do culto. 

Eram, como se vê, os materialistas, os deístas e os sensualistas da época. Seita pouco numerosa, mas que contava em seu seio importantes personagens e se tornou um partido polftico oposto constantemente aos fariseus. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Quem eram os Samaritanos?

Após o cisma das dez tribos, Samaria se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruída várias vezes, tomou-se, sob os romanos, a cabeça da Samaria, uma das quatro divisões da Palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou de suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, lhe deu o nome de Augusta, em grego Sebaste. 

Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. 

Aqueles, para tornarem maior a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas religiosas, construíram para si um templo particular e adotaram algumas reformas.

Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antiguidade. 

Para os judeus ortodoxos, eles eram heréticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos. Ó antagonismo das duas nações tinha, pois, por fundamento único a divergência das opiniões religiosas; se bem fosse a mesma a origem das crenças de uma e outra. Eram os protestantes desse tempo. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

O que é uma Sinagoga?

Sinagoga é um termo que vem do grego "synagogê" - assembléia, congregação. 

Um único templo havia na Judéia, o de Salomão, em Jerusalém, onde se celebravam as grandes cerimônias do culto. 

Os judeus, todos os anos, lá iam em peregrinação para as festas principais, como as da Páscoa, da Dedicação e dos Tabernáculos.

Por ocasião dessas festas é que Jesus também costumava ir lá. As outras cidades não possuíam templos, mas, apenas, sinagogas: edifícios onde os judeus se reuniam aos sábados, para fazer preces públicas, sob a chefia dos anciães, dos escribas, ou doutores da Lei. 

Nelas também se realizavam leituras dos livros sagrados, seguidas de explicações e comentários, atividades das quais qualquer pessoa podia participar. Por isso é que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava aos sábados nas sinagogas. 

Desde a ruína de Jerusalém e a dispersão dos judeus, as sinagogas, nas cidades por eles habitadas, servem-lhes de templos para a celebração do culto. 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Quem eram os terapeutas?

Terapeutas - do grego therapeutai, formado de therapeuein, servir, cuidar. 

Seriam os servidores de Deus, ou curadores. Eram seguidores judeus contemporâneos do Cristo, estabelecidos principalmente em Alexandria, no Egito. 

Tinham muita relação com os essênios, cujos princípios adotavam, aplicando-se, como esses últimos, à prática de todas as virtudes. 

Eram de extrema frugalidade (moderação) na alimentação. Também celibatários, votados à contemplação e vivendo vida solitária, constituíam uma verdadeira ordem religiosa. 

Fílon, filósofo judeu platônico, de Alexandria, foi o primeiro a falar dos terapeutas, considerando-os uma seita do judaísmo. 

Eusébio, S. Jerônimo e outros Pais da Igreja pensam que eles eram cristãos. Fossem tais, ou fossem judeus, o que é evidente é que, do mesmo modo que os essênios, eles representam o traço de união entre o Judaísmo e o Cristianismo.

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Sócrates e Platão já possuíam ideias Cristãs?

Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo menos, nenhum escrito deixou. 

Como o Cristo, teve a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças que encontrara e colocado a virtude real acima da hipocrisia e do simulacro das formas; por haver, numa palavra, combatido os preconceitos religiosos. 

Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar corrompendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava, também ele foi acusado, pelos fariseus do seu tempo, visto que sempre os houve em todas as épocas, por proclamar o dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futura 

do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Qual o resumo da doutrina de Sócrates e Platão?

I - O homem é uma alma encarnada. 

Antes da sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais, às ideias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando, e, recordando o seu passado, é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele. 

II - A alma se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto. 

Tem vertigem, como se estivesse ébria, porque se prende a coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla a sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela desta natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo quanto passa. Cessam então os seus transviamentos, pois que está unida ao que é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria.

III - Enquanto tivermos o nosso corpo e a alma se achar mergulhado nessa corrupção, nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos: a verdade. 

Dessa forma, o corpo nos suscita mil obstáculos pela necessidade que achamos ter que cuidar dele. Além disso, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, é impossível nos tornar ajuizados, sequer por um instante. Mas, se não nos é possível conhecer puramente coisa alguma, enquanto a alma nos está ligada ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a verdade, ou só a conheceremos após a morte. Libertos da loucura do corpo, entenderemos então que é lícito esperá-lo, com homens igualmente libertos e conheceremos, por nós mesmos, a essência das coisas. Essa a razão por que os verdadeiros filósofos se exercitam em morrer e a morte não se lhes afigura, de modo nenhum, temível. 

IV. A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastado para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. 

Erra, então, diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa do forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as almas dos bons, serão, porém, as dos maus, que se veem forçadas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena do primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar até que os apetites inerentes à forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo. Então, sem dúvida, retomam os mesmos costumes que durante a primeira vida constituíam objeto de suas predileções. 

V. Após a nossa morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidas ao Hades (deus grego do submundo, do reino dos mortos, e na mitologia romana, ele é chamado de Plutão). 

Também é chamado de deus da riqueza porque possui todos os metais preciosos do planeta) para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos. 

VI. Os demônios ocupam o espaço que separa o céu da Terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. 

Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em comércio e se entretêm com ele, quer durante a vigília, quer durante o sono. 

VII. A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendiam Sócrates e Platão) é, a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma é imortal, não será prudente viver visando a eternidade? 

O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa. 

VIII. Se a alma é imaterial, tem de passar, após essa vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria

Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retêm nos lugares da sua estada na Terra. Sócrates e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterialização da alma. Insistem na diversidade de situação que resulta para elas da sua maior ou menor pureza. 

O que eles diziam, por intuição, o Espiritismo o prova com os inúmeros exemplos que nos põe sob as vistas. (O Céu e o Inferno, 2ª Parte.)

IX. Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios. 

Aquele que guarnecer a alma, não de ornatos estranhos, mas com os que lhe são próprios, só esse poderá aguardar tranquilamente a hora da sua partida para o outro mundo. Equivale isso a dizer que o materialismo, com o proclamar para depois da morte o nada, anula toda responsabilidade moral ulterior, sendo, conseguintemente, um incentivo para o mal; que o mau tem tudo a ganhar do nada. Somente o homem que se despojou dos vícios e se enriqueceu de virtudes, pode esperar com tranqúilidade o despertar na outra vida. Por meio de exemplos, que todos os dias nos apresenta, o Espiritismo mostra quão penoso é, para o mau, o passar desta à outra vida, a entrada na vida futura. (O Céu e o Inferno, 2ª Parte, cap. 1.) 

X. O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu.

Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua visa. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregado de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar, não de parecer, mas de ser homem de bem. (Colóquios de Sócrates com seus discípulos, na prisão.) 

XI. De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. 

Se tudo tem de extinguir-se, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Todavia, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os mortos se têm de reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são. Mas, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes. (Sócrates aos seus juízes.) 


do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução.

Se o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?

“Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade.”

Esse período humano inicia na Terra?

A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. 

O período humano começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito esteja apto a viver na Terra desde o início de seu período humano. 

Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.

607a. Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não? 

Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a unidade? 

Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme já dissemos. 

É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. 

Entra então no período humano, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. 

Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. 

Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. 

Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? 

Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo.

Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.

Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.

607a. Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não? 

Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a unidade? 

Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme já dissemos. 

É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. 

Entra então no período humano, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. 

Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. 

Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. 

Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? 

Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo.

Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza.

Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.

Quais seriam as encarnações que Emmanuel viveu e relatou através de Chico Xavier?

De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium mineiro as suas impressões, dando-nos a conhecer o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em vida pregressa Públio Lentulus Sura, e que culminou no romance extraordinário: Há dois mil anos.

Públio é o homem orgulhoso, mas também nobre. Roma é o seu mundo e por ele batalha. Não admite a corrupção, mostrando, desde então, o seu caráter íntegro. Intransigente, sofre, durante anos, a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama. Para ela, nos anos da mocidade, compusera os mais belos versos: Alma gêmea da minhalma/ Flor de luz da minha vida/ Sublime estrela caída/ Das belezas da amplidão... e, mais adiante: És meu tesouro infinito/ Juro-te eterna aliança/ Porque eu sou tua esperança/ Como és todo o meu amor!

Tem a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, escolhe a segunda.

Não é por outro motivo que escreve, ao início da citada obra mediúnica: Para mim essas recordações têm sido muito suaves, mas também muito amargas. Suaves pela rememoração das lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da minha vida de Espírito, há dois mil anos.

Desencarnou em Pompeia, no ano de 79, vítima das lavas do vulcão Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus.

Cinquenta anos depois, no ano de 131, ei-lo de retorno ao palco do mundo. Nascido em Éfeso, de origem judia, foi escravizado por ilustres romanos que o conduziram ao antigo país de seus ascendentes. Nos seus 45 anos presumíveis, Nestório mostra no porte israelita um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também fora escravizado, tornaria a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde ele, Nestório, tinha a responsabilidade da palavra. Cristão desde os dias da infância, é preso e, após um período no cárcere, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à morte.

Junto com o filho, Ciro, e mais uma vintena de cristãos, num fim de tarde, foi conduzido ao centro da arena do famoso circo romano, situado entre as colinas do Célio e do Aventino, na capital do Império. Atado a um poste por grossas cordas presas por elos de bronze, esquelético, munido somente de uma tanga que lhe cobria a cintura, até os rins, teve o corpo varado por flechas envenenadas. Com os demais, ante o martírio, canta, dirigindo os olhos para o Céu e, no mundo espiritual, é recebido pelo seu amor, Lívia.

Pelo ano 217, peregrina na Terra outra vez. Moço, podemos encontrá-lo nas vestes de Quinto Varro, patrício romano, apaixonado cultor dos ideais de liberdade.

Afervorado a Jesus, sente lhe confranger a alma a ignorância e a miséria com que as classes privilegiadas de Roma mantinham a multidão.

O pensamento do Cristo, ele sente, paira acima da Terra e, por mais lute a aristocracia romana, Varro não ignora que um mundo novo se formava sobre as ruínas do velho.

Vítima de uma conspiração para matá-lo, durante uma viagem marítima, toma a identidade de um velho pregador de Lyon, de nome Corvino. Transforma-se em Irmão Corvino, o moço, e se torna jardineiro. Condenado à decapitação, tem sua execução sustada após o terceiro golpe, sendo-lhe concedida a morte lenta, no cárcere.

Onze anos após, renasce e toma o nome de Quinto Celso. Desde a meninice, iniciado na arte da leitura, revela-se um prodígio de memória e discernimento.

Francamente cristão, sofreu o martírio no circo, amarrado a um poste untado com substância resinosa ao qual é ateado fogo. Era um adolescente de mais ou menos 14 anos.

Outra reencarnação se deu a 18 de outubro de 1517 em Sanfins, Entre-Douro-e-Minho, em Portugal, com o nome de Manoel da Nóbrega, ao tempo do reinado de D. Manoel I, o Venturoso.

Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos. Aos 21, está na faculdade de Cânones da Universidade, onde frequenta as aulas de Direito Canônico e de Filosofia, recebendo a láurea doutoral em 14 de junho de 1541.

Vindo ao Brasil, foi ele quem estudou e escolheu o local para a fundação da cidade de São Paulo, a 25 de janeiro de 1554. A data escolhida, tida como o dia da Conversão do Apóstolo Paulo, pretende-se seja uma homenagem do universitário Manoel da Nóbrega ao universitário Paulo de Tarso.

O historiador paulista Tito Lívio Ferreira, encerra sua obra Nóbrega e Anchieta em São Paulo de Piratininga descrevendo: Padre Manoel da Nóbrega fundara o Colégio do Rio de Janeiro. Dirige-o com o entusiasmo de sempre. Aos 16 de outubro de 1570, visita amigos e principais moradores. Despede-se de todos, porque está, informa, de partida para a sua Pátria. Os amigos estranham seus gestos. Perguntam-lhe para onde vai. Ele aponta para o Céu.

No dia seguinte, já não se levanta. Recebe a Extrema-Unção. Na manhã de 18 de outubro de 1570, no próprio dia de seu aniversário, quando completava 53 anos, com 21 anos ininterruptos de serviços ao Brasil, cujos alicerces construiu, morre o fundador de São Paulo.

E as últimas palavras de Manoel da Nóbrega são: “E vos dou graças, meu Deus, Fortaleza minha, Refúgio meu, que marcastes de antemão este dia para a minha morte, e me destes a perseverança na minha religião até esta hora.”

E morreu sem saber que havia sido nomeado, pela segunda vez, Provincial da Companhia de Jesus no Brasil:  a terra de sua vida, paixão e morte.

Encontramo-lo, ainda, peregrinando na Terra, nas vestes do Padre Damiano, nascido em 1613, na Espanha. Residiu em Ávila, Castela-a-Velha, onde oficiou na Igreja de São Vicente. Desencarnou em idade avançada, no Presbitério de São Jaques do Passo Alto, no burgo de São Marcelo, em Paris.

A título de curiosidade, encontramos registros que o deputado Freitas Nobre, desencarnado na atualidade, declarou, em programa televisivo da TV Tupi de São Paulo, na noite de 27 para 28 de julho de 1971, que, ao escrever um livro sobre Anchieta, teve a oportunidade de encontrar e fotografar uma assinatura de Manuel da Nóbrega, como E. Manuel.

Assim, o E inicial do nome do mentor de Francisco Cândido Xavier se deveria à abreviatura de Ermano, o que, segundo ele, autorizaria a que o nome fosse grafado Emanuel, um m somente e pronunciado com acentuação oxítona.

Fontes de consulta:

1. Ave Cristo/Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. FEB.

2. Cinquenta anos depois/Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. FEB.

3. Entrevistas/Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. IDE.

4. Há dois mil anos/Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. FEB.

5. Renúncia/Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. FEB

6. L'evangile selon le Spiritisme/Allan Kardec. LA DIFFUSION SCIENTIFIQUE.

7. Revista Presença Espírita/LEAL, jan/fev. 1991 - Curiosidades.

E sobre desenvolver a mediunidade em crianças?

Kardec no Livro dos Médiuns estudou no cap. XVIII sobre a mediunidade em crianças, se haveria algum inconveniente em se desenvolver a mediunidade em tenra idade. 

Os benfeitores disseram que sim. Que não se deve estimular a mediunidade numa fase em que os órgãos ainda estão em formação. Seria precipitado e poderia causar estímulos que a criança poderia não assimilar de forma saudável.

“A mediunidade é inerente a uma condição orgânica, de que todos podem ser dotados, como a de ver, ouvir e falar. 

Não há nenhuma de que o homem, em consequência do seu livre-arbítrio, não possa abusar. Deus outorgou as faculdades ao homem, dando-lhes a liberdade de usá-las como quiser, mas pune sempre aqueles que delas abusam.” 

Quem foi André Luiz nas obras de Chico Xavier?

André Luiz é um nobre Espírito, autor de diversas obras psicografadas por Chico Xavier, e entre elas, Nosso Lar, que é um dos principais romances espíritas publicados até hoje.

Com o seu relato, podemos compreender com riqueza de detalhes como é a vida após a morte, inclusive o “lugar de transição” dos espíritos que não souberam aproveitar a oportunidade de evolução na Terra, que, como ele mesmo define no Cap. 12 da referida obra: “uma região destinada a esgotamento de resíduos mentais”.

André Luiz, inclusive, dá nome a essas regiões inferiores que, até então, não tinham uma designação: o Umbral. Ainda que essa contribuição tenha sido muito expressiva, ela não foi a única conferida por ele.